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Zé Ramalho apresenta seu novo show em Curitiba | Divulgação/Grupo Jam
Zé Ramalho apresenta seu novo show em Curitiba| Foto: Divulgação/Grupo Jam

O que parecia brincadeira do governador Roberto Requião (PMDB) acabou virando ato administrativo. A promessa de distribuir benesses aos deputados aliados que forem assíduos na reunião semanal do secretariado, a chamada "escolinha do governador", foi oficializada ontem. Cada aliado recebeu um convite nominal, assinado pelo chefe da Casa Civil Rafael Iatauro, avisando sobre o sorteio de um ônibus que será realizado na próxima terça-feira, durante a Escola de Governo, "dentre os deputados presentes", para que o ganhador repasse o veículo ao município que quiser.

Na semana passada, Requião havia prometido distribuir uma ambulância para cada deputado que comparecer na escolinha durante quatro reuniões consecutivas. Mas a tentativa de atrair os deputados para ouvir os relatos de Requião sobre as ações do governo, por meio do sorteio, ontem provocou confusão na sessão da Assembléia. A oposição ficou indignada e os governistas não esconderam o constrangimento.

A polêmica foi detonada pelo deputado Jocelito Canto (PTB), que cobrou do líder do governo, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), se o convite era oficial ou uma "brincadeira de mau gosto". Depois de ser informado pela assessoria da liderança do governo de que não se tratava de piada, Canto estrilou: "Estou apavorado. Deputado nenhum tem obrigação de ir na escolinha. Nem os do governo. Esse documento é estranho e isso é crime previsto em lei", afirmou.

O discurso abriu uma série de protestos. "O papel do deputado não é distribuir presentinho para ninguém, mas fazer leis, elaborar projetos e fiscalizar o governo", disse Douglas Fabrício (PPS). O deputado Élio Rusch (DEM) disse que considerou absurda a promessa da semana passada do governador de distribuir ambulância a todo deputado que marcar presença na escolinha durante um mês, mas ficou ainda mais irritado com o anúncio do sorteio do ônibus. "O que o governador está pensando? Não é possível que ele, que já foi deputado, brinque com a Assembléia."

A oposição tentou aprovar um requerimento cobrando a presença de Rafael Iatauro na Assembléia Legislativa para esclarecer o convite do sorteio. Mas o pedido foi barrado pelos governistas. "Esse ônibus que será sorteado é com dinheiro de quem? Se for público, não é para fazer sorteio", afirmou o líder da oposição, Valdir Rossoni (PSDB). O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Durval Amaral (DEM), considerou o chamado do governador um desrespeito aos próprios aliados e uma "afronta ao Parlamento". Os deputados da base de apoio não sabiam como justificar o convite. "De acordo com o artigo 5.º da Constituição, eu posso permanecer calado", desconversou o líder do governo, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB).

O deputado Alexandre Curi (PMDB) tentou defender o governo depois de uma conversa por telefone com Iatauro. "É uma cobrança feita pelo governador para que os deputados aliados participem mais das reuniões. Como o ônibus está disponível, será feito o sorteio. Se todos fossem à escolinha, teriam mais informações sobre o governo."

Genro de Rafael Iatauro, o deputado Fábio Camargo, encontrou uma explicação mais simples: "Se os radialistas têm direito de fazer sorteio para aumentar a audiência de seus programas, o Requião também tem direito de tentar aumentar a audiência da escolinha".

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