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Vereadores

Escoteiro e ambientalista, Salamuni tenta dar cara nova à Câmara

Novo presidente do Legislativo curitibano diz que Casa precisa voltar a ser mais republicana e deixar de ser “um poder de faz de conta”

Sempre alerta: Salamuni promete acabar com tratoraço nas decisões da Câmara | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
Sempre alerta: Salamuni promete acabar com tratoraço nas decisões da Câmara (Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo)

Paulo Salamuni pôde votar pela primeira vez somente aos 22 anos de idade. O ano era 1982 e os brasileiros foram às urnas para voltar a escolher os governadores. Para ele, o ato teve um significado especial diante da pressão sofrida por seu pai, o geólogo Riad Salamuni, que teve a casa invadida, a biblioteca confiscada e foi fichado pelos militares por se opor ao regime ditatorial.

Eleito presidente da Câ­mara Municipal de Curitiba na última quarta-feira, Salamuni adota agora o mesmo discurso de quem lutou pela redemocratização: é preciso resgatar a credibilidade do poder público – no caso, o Legislativo – e abri-lo para a sociedade. Na avaliação dele, porém, só isso não basta. Os vereadores precisam mostrar aos curitibanos para que servem de fato, depois da maior crise institucional vivida pela Casa.

"Esse período me levou a tomar gosto por política e a achar que poderia ser útil aos curitibanos por meio do mandato popular", afirma Salamuni. Advogado por formação, ele é procurador do município e ingressou na vida pública filiando-se ao antigo MDB, em meio à redemocratização. A influência do pai, que foi o primeiro reitor eleito da UFPR, em 1986, levou-o à militância estudantil e, na sequência, aos cargos públicos. Foi nesse meio tempo que se tornou secretário de Desenvolvimento Social na gestão de Roberto Requião e elegeu-se vereador pela primeira vez – hoje, está no sétimo mandato.

Mais uma vez por in­fluên­cia do pai, tomou gosto pelas questões ambientais, que norteiam boa parte da sua atuação parlamentar. O meio ambiente também entrou em sua vida por meio do escotismo, do qual faz parte desde os 14 anos. No ano passado, inclusive, a ligação com o movimento escoteiro rendeu a ele uma denúncia na Câmara, por ter destinado R$ 350 mil em emendas parlamentares à União dos Escoteiros do Brasil, da qual foi presidente – o caso não foi aceito pelo Conselho de Ética da Casa. "Era uma clara retaliação à minha atuação na CPI da Publicidade", defende. "Isso já faz parte da minha rotina de longa data. Em 1996, por exemplo, o Marcelo Almeida e eu fomos vítimas de um atentado quando investigávamos a máfia do transporte."

Foi a ligação com a causa ambiental que, em 2005, o levou para o PV – seu atual partido –, por discordar de decisões dos líderes do PMDB. Salamuni afirma que essa mesma insatisfação levou o prefeito Gustavo Fruet (hoje no PDT) a migrar, na época, para o PSDB. "O Gustavo e eu praticamente nascemos dentro dos comitês eleitorais. Eu coordenei a campanha do pai dele [Maurício Fruet] a prefeito em determinados momentos. Ele coordenou a do meu pai dentro da UFPR", conta. "Por isso, fomos desenvolvendo uma amizade, uma afinidade de ideias e pensamentos."

Segundo o novo presidente da Câmara, quando ele e Fruet eram vereadores juntos, a Casa era mais republicana, havia espaço para as minorias e, sobretudo, para a população. A ideia de Salamuni é resgatar esse aspecto. "Não podemos ser um poder de faz de conta, em que poucos decidem e prevalece o tratoraço, como foi feito nos últimos 20 anos", critica.

Conhecido por sua eloquência – nos debates eleitorais, costuma exceder o tempo limite dado aos candidatos –, Salamuni justifica que, como sempre esteve na oposição, a palavra era a sua única arma. "São quase desabafos permanentes. Às vezes, sinto-me uma espécie de profeta – espero que não do apocalipse", brinca.

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