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Justus: tudo a portas fechadas. | Albari  Rosa/ Gazeta do Povo
Justus: tudo a portas fechadas.| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

A investigação

Veja o rito de uma investigação do Ministério Público:

Inquérito

Diante de indícios de irregularidades, o MP abre uma investigação com prazo de até um ano, podendo ser prorrogada.

Instrução

Durante o processo de instrução, os promotores de Justiça juntam documentos e tomam depoimentos para colher provas das irregularidades.

Ação

Se houver provas de ilicitudes, o MP propõe ação cível ou criminal à Justiça Estadual. Os promotores podem pedir ainda o arquivamento do processo caso não haja indícios da irregularidade.

Aumenta a pressão pela saída de Justus

O presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Nelson Justus, enfrentou ontem o dia de maior pressão pela sua saída do cargo desde o início das denúncias apresentadas pela Gazeta do Povo e pela RPCTV na série "Diários Secretos".

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Deputado vai à OAB, mas entidade volta a pedir seu afastamento

Em busca de apoio contra a série de denúncias que se abateram contra ele, o presidente da Assembleia paranaense, Nelson Justus, visitou ontem o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Paraná, José Lúcio Glomb – que no dia anterior havia se manifestado a favor da saída de Justus do cargo após as denúncias apresentadas contra o parlamentar –, e ouviu novamente o conselho de deixar o cargo.

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Os investigados

Além do deputado Nelson Justus (DEM), o MP vai investigar ainda outras 39 pessoas suspeitas de fazer parte de uma rede de influência montada pelo presidente na Assembleia do Paraná.

Conexão palmito

Dóris Rozana Tozetto e Cezar Tozetto.

Conexão advogados

Deisi Lacerda, Beatriz Grossi Maia, Celina Galeb Nitschke e José Virgílio Castelo Branco Rocha Neto.

Conexão Guaratuba

Antônio Emílio Caldeira Júnior, André Gustavo Tavares Kutianski, Acir Braga Júnior, Paulo Zanoni Pinna, Fernando Pinna Sobrinho, Leandro Maciel Kaluzny, Luiz Cesar Kaluzni, Edson Marion Oliveira de Camargo, Evani Justus, Gil Fernando Justus, Claudio Nazário da Silva e Maria Leoni Ferreira.

Conexão chefe de gabinete

Sérgio Monteiro, Sylvio Monteiro, Lea Germano Monteiro, Lourdes Borrin Monteiro, Fernanda Estela Monteiro Loiacono, José Sérgio Loiacono Filho, Leia Márcia Monteiro de Carvalho, Luiz Carlos Carvalho, Renata Monteiro de Carvalho Viana, Ricardo Monteiro de Carvalho, Edson Artur Borrin, Geri Borrin, Fabiana Manzini Borrin, Lenita Borrin, Elaine Manzini, Itamar Manzini, Zurni Maria Manzini, Reiner Calderon, Alaques Calderon, Cleide da Rocha Calderon e Baltazar Calderon.

O Ministério Público do Paraná abriu uma investigação para apurar possíveis irregularidades cometidas pelo presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Nelson Justus (DEM). Os promotores querem saber se Justus tem alguma responsabilidade na contratação de funcionários fantasmas e no uso de "laranjas" num suposto esquema de desvio de dinheiro público dentro da Casa – o que configura crime de peculato.

A série "Diários Secretos" da Gazeta do Povo e da RPCTV mostrou denúncias de irregularidades na Assembleia que apontam para nove crimes, entre eles desvio e lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, estelionato e prevaricação. As reportagens revelaram ainda que a direção da Casa pagou supersalários de até R$ 35 mil a servidores públicos.

Duas semanas depois de afirmar que não considerava Justus um suspeito, o procurador-geral de Justiça, Olympio de Sá Sotto Maior Neto, instaurou o inquérito com base nas recentes denúncias feitas pela Gazeta do Povo e pela RPCTV, que mostrou uma rede montada por Justus usando-se de cargos na Assembleia. A reportagem revelou ainda que o chefe de gabinete de Justus, Sérgio Roberto Monteiro, utilizou o gabinete do deputado e da presidência para empregar 20 parentes. O presidente da Casa tem uma sociedade de uma rádio de Guaratuba mantida por Nelson Justus com Isabel Stein Miguel – filha do diretor-geral afastado da Assembleia, Abib Miguel, a quem recai a suspeita de envolvimento num esquema de desvio de dinheiro. A rádio de Justus e Isabel Miguel não foi declarada pelo deputado à Justiça Eleitoral.

Mais 39 pessoas citadas nas reportagens serão investigadas pelo MP (veja lista ao lado). Entre elas o irmão de Nelson Justus, Gil Fernando Justus, e a prefeita de Guaratuba, Evani Justus, cunhada do deputado.

Nelson Justus deve ser ouvido durante o processo investigatório, mas a primeira medida tomada no inquérito foi a requisição de cópia dos atos de nomeação e de exoneração, dos contracheques e das fichas funcionais dos servidores que estariam lotados no gabinete da presidência.

Os diários oficiais da Casa, que a reportagem teve acesso, revelam que de 2006 a 2008 o gabinete da presidência contratou 155 pessoas e demitiu apenas 31 – o que revela que quando a relação de servidores da Casa foi divulgada, pelo menos 124 funcionários estavam à disposição de Justus. Esse número é quase dez vezes superior ao determinado pela nova lei que reestruturou a Assembleia: pela norma, a presidência pode ter apenas 15 cargos.

Mas não é apenas Justus o responsável por todas essas nomeações. Em 2006, o presidente da Casa era o ex-deputado Hermas Brandão (PSDB), que também deve ser investigado pelo período que chefiou o Legislativo. Hoje ele preside o Tribunal de Contas do estado (TC).

A Gazeta do Povo e a RPCTV mostraram que foi Hermas quem assinou a contratação de um homem morto para "trabalhar" no gabinete do deputado Neivo Beraldin (PDT). Dirceu Pavoni foi nomeado em maio de 2004, 11 meses depois que ele morreu – vítima de um acidente vascular cerebral (AVC). Mesmo morto, Pavoni ficou empregado por quase três anos na Assembleia e neste período o salário de quase R$ 600 mensais foi depositado na conta bancária de Maria Bernadete Afornali Pavoni – viúva de Dirceu. Beraldin considerou a contratação de um defunto como uma piada e disse que não pode ser responsabilizado pela ação dos diretores da Casa.

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A investigação aberta pelo MP contra Justus deve apurar também os motivos pelos quais a direção da As­­sem­bleia impediu o acesso da imprensa e da população aos diários oficiais e os 2.178 atos secretos editados pela Mesa Executiva que não constam nos diários numerados no período de janeiro de 2006 a março de 2009 – quando Justus divulgou a listagem de servidores. Por lei, o acesso aos diários oficiais deve ser público.

Outro lado

A assessoria de imprensa da Assem­bleia informou que a abertura de uma investigação contra Justus é "uma excelente oportunidade de a Assembleia mostrar que não existe nenhuma ilegalidade". A assessoria informou ainda que os documentos solicitados pelo MP foram entregues ontem. O presidente do TC, Hermas Brandão, foi procurado, mas a assessoria do órgão informou que ele está viajando e não foi localizado.

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Interatividade

Justus deve se afastar do cargo durante a investigação das denúncias na Assembleia?

Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br

As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.

Veja todas as denúncias feitas pelo jornal Gazeta do Povo e pela RPCTV sobre os Diários Secretos da Assembleia Legislativa.

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