Ministério Público instaura inquérito para investigar denúncias contra Abib Miguel

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O Ministério Público do Paraná (MP-PR) instaurou nesta quarta-feira (17) um inquérito para investigar as denúncias realizadas contra o diretor-geral da Assembleia Legislativa (AL) do Paraná, Abib Miguel. Reportagens da Gazeta do Povo e da RPCTVmostraram a rede de pessoas ligadas a Bibinho, como é conhecido, que recebem ou receberam salários da Casa. Dez pessoas admitiram à reportagem que não trabalham na Assembleia. Alguns chegam a morar em outros estados, como Santa Catarina e Goiás.

Abib administra o orçamento da Casa que, no ano passado, foi de R$ 319 milhões. Segundo apurou a equipe da RPCTV e da Gazeta do Povo, entre os beneficiados estão a filha, a cunhada e o jardineiro particular do diretor-geral. Documentos obtidos durante a investigação mostram que 624 depósitos foram realizados pela Assembleia em contas bancárias de servidores ligados a Bibinho. Ao todo, de 2004 a abril de 2009, são cerca de R$ 11,2 milhões em depósitos.

O MP ainda anunciou que vai solicitar cópias de todos os Diários da AL. Segundo o órgão, atualmente, estão em andamento cerca de 240 investigações relacionadas a irregularidades na Casa.

Recadastramento

Nesta quarta-feira (17), a sessão ordinária da Assembleia foi interrompida por uma hora para uma reunião realizada entre os deputados em uma sala reservada. Depois que os trabalhos foram retomados, o presidente da Casa, Nelson Justus (DEM), anunciou que todos os servidores da AL serão recadastrados anualmente.

O recadastramento deverá ser feito no mês de aniversário do servidor por meio de uma ficha cadastral. Nela, o funcionário vai informar os dados pessoais, sobre imposto de renda, escolaridade, entre outros. Na terça-feira (16), Justus já havia anunciado a abertura de uma sindicância interna para apurar as denúncias.

A Gazeta do Povo e a RPCTV publicaram denúncias sobre a existência de Diários secretos na Assembleia e o caso de duas mulheres, que sobrevivem graças ao pagamento do Bolsa Família, mas aparecem como funcionárias da Assembleia e teriam recebido R$ 1,6 milhão em cinco anos.

Novas denúncias

Na noite desta quarta-feira, uma reportagem do telejornal Paraná TV 2º Edição, da RPCTV, divulgou mais uma denúncia sobre o esquema dos funcionários fantasmas da Assembleia Legislativa na série "Diários Secretos".

Algumas pessoas recebiam salários milionários sem trabalhar. Dois dos funcionários são o pedreiro João Maria Vosilk e a mulher dele que moram em um sobrado na periferia de Curitiba. Eles receberam da Assembleia R$ 2,6 milhões entre janeiro de 2004 e abril de 2009. Sem saber que estavam sendo gravados, parentes do pedreiro disseram desconhecer qualquer relação dele com os deputados paranaenses.

Na quinta-feira (18), a Gazeta do Povo e os telejornais da RPCTV mostram mais detalhes sobre esta denúncia. Veja aqui toda a série de reportagens da RPC sobre os diários secretos.