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impeachment 20 anos

“Trem-fantasma” marcou governo de Collor

Fernando Collor durante a posse, em janeiro de 1990, ao lado da então esposa, Rosane | Protásio Nene/AE
Fernando Collor durante a posse, em janeiro de 1990, ao lado da então esposa, Rosane (Foto: Protásio Nene/AE)
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Cláudio Vieira

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Luiz Estevão

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Francisco Eriberto

A rápida e conturbada passagem de Fernando Collor pela Presidência da República, entre 1990 e 1992, foi marcada pela atuação de um elenco de personagens que, por ações e omissões, foram decisivos no processo de instabilidade que acabou por derrubar o presidente.

Entre os nomes que envolveram a queda de Collor a figura central é a do ex-tesoureiro de sua campanha eleitoral Paulo César "PC" Farias – acusado de operar um esquema de corrupção engendrado pelo ex-presidente.

Em volta da relação entre Collor e PC, orbitaram diversos nomes cumprindo, às vezes, papéis inglórios. Do irmão delator aos aliados que acabaram virando traidores, a história da queda de Collor abastece hoje o folclore político nacional. Alguns poucos nomes ainda estão por aí no cenário político. Outros tantos foram abatidos pela chamada maldição dos anos Collor (leia mais abaixo).

Muitos dos principais protagonistas acabaram passando por suplícios bem maiores que o do próprio ex-presidente. São mortes trágicas, doenças graves, acidentes, cassações, ostracismos políticos e reputações arruinadas.

O historiador Gilberto Maringoni aponta as escolhas de Collor na formação de seu governo como um dos fatores que deflagraram a crise ética no Planalto.

"O primeiro escalão parecia de figurantes de um trem-fantasma, uns tipos bens sinistros", disse.

Quando a nau collorida começou a afundar, o presidente convidou homens públicos de boa reputação. Não foi, porém suficiente para reverter a onda que acabou o varrendo para longe do Planalto. Vinte anos depois da queda, a Gazeta do Povo relembra alguns episódios, lugares e personagens relevantes do impeachment.

Os jardins da Dinda

Os jardins "babilônicos" da residência dos Collor em Brasília foram uma das marcas da corrupção daquele período. A reforma do jardim teria sido paga por PC Farias com recursos da conta fantasma. Havia cinco cascatas artificiais acionadas por mecanismo eletrônico. Em sua defesa, Collor disse em pronunciamento na tevê que a casa não "era diferente das outras boas casas de Brasília".

CPI no Congresso

Em setembro, a Câmara dos Deputados instalou uma CPI para apurar as denúncias do irmão do presidente, Pedro Collor. Organizações da sociedade civil e partidos da oposição lançaram o Manifesto Democrático contra a Impunidade. Nas ruas, milhares de estudantes usaram preto e fizeram passeatas em dez capitais. Eles foram chamados de caras-pintadas e a sociedade passou a exigir o impeachment de Collor.

Operação Uruguai

Para justificar os gastos do presidente investigado por uma CPI que analisava o caso foi montada a "Operação Uruguai". Cláudio Vieira e o empresário Luís Estevão apresentaram as notas de um suposto empréstimo de US$ 4 milhões feito por uma empresa do Uruguai durante a campanha de 1989. Anos mais tarde, a Receita Federal concluiu que operação foi uma farsa.

O Morcego Negro

Símbolo da ostentação do poder e influência de PC Farias, o Lear Jet 55, apelidado de "Morcego Negro", custava US$ 10 milhões. Era nele que o ex-tesoureiro cruzava o país sendo cortejado pelo empresariado e por políticos, prometendo facilidades e nomeações no governo federal. Foi também no jatinho que PC fugiu para o Paraguai e para a Argentina, em 1992, após ter a prisão decretada pela Justiça.

"Duela a quién duela"

"Tropa de choque" foi o apelido dado pela imprensa ao grupo de parlamentares que defendiam o mandato do presidente no Congresso. Nos últimos dias, parte do grupo se reunia em um bunker na Casa da Dinda. A ideia era bolar estratégias para tentar convencer mais de cem deputados indecisos e abertos a qualquer pressão. Um jantar do grupo aconteceu na residência do deputado paranaense Onaireves Moura.

A Elba

No início do mandato, Collor pediu ao seu secretário pessoal Cláudio Vieira que comprasse um carro para uso da familia. Vieira repassou o pedido a PC, que pagou a compra à vista com o dinheiro das sobras de campanha, segundo a apuração da CPI. O carro, hoje considerado modesto, foi a principal prova para decretar o impeachment do presidente.

A maldição de Collor

Além de PC, assassinado em 1994 em um caso mal contado, e do irmão Pedro Collor, morto no mesmo ano de câncer, aliados como Roberto Jefferson e Luiz Estevão sofreram com cassações e escândalos. Presidente da CPI do Collor, o senador Amir Lando chegou a ser ministro do governo Lula, mas não se reelegeu ao Senado e sumiu da cena política. Um dos pivôs do desfecho do caso, o motorista Francisco Eriberto chegou a ser guardador de carros nas ruas de Brasília.

A queda e o retorno

Em outubro, a CPI conclui que o presidente sabia da corrupção e do esquema de lavagem de dinheiro. A Câmara aprovou o impeachment por 441 votos a 38. Collor, condenado por crime de responsabilidade, foi afastado e, em 2 de outubro, o vice Itamar Franco assumiu interinamente a Presidência. Com os direitos políticos cassados, Collor partiu para Miami. Absolvido pelo STF, voltou ao Brasil e se elegeu senador, em 2007, pelo PTB de Alagoas.

As reportagens: 19 de agosto - Os caras-pintadas, 16 de setembro - Consequências 20 anos depois

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