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Diferença

"A inteligência é a principal força", garante ativista

O webativista Pedro Markun explica que toda ação parte de uma reunião entre pessoas interessadas em combater uma questão e alerta que nenhum movimento de massa é eficiente sem um conhecimento profundo do tema a ser debatido. "Para nós, que somos pequenos e poucos, a inteligência é a principal força contra os grandes. O segredo é ler, estudar, e a partir daí bolar estratégias para tentar uma mudança", diz. Markun completa dizendo que é melhor atingir de forma consciente poucas pessoas a mobilizar genericamente uma multidão. "O volume, sozinho, não resolve nada."

O ativista Diego Ramalho, do Instituto Atuação, diz que a ocasião também faz a diferença. Ele lembra do episódio das manifestações contra a deputada Jaqueline Roriz (DF), em 2011, acusada de receber dinheiro de Durval Barbosa (DEM-DF). "Depois que ela foi absolvida, mesmo com vídeos dela recebendo dinheiro, as pessoas aderiram em peso aos protestos."

Para Markun, o protesto deve ser pensado em sua qualidade mobilizadora, e não em sua quantidade. Para isso, basta fazer um movimento aberto. "Não existe um manual do ativista, e não dá para achar que tudo se resolve com abaixo-assinado. Mas se você abre mão dessa necessidade de volume e passa a tratar a revolução política por outro espectro, a questão da mobilização já fica mais ou menos resolvida."

Não é fácil fazer uma ideia ganhar as ruas. Qualquer representante de organização não governamental de transparência e líder de movimento político sabe disso na prática. Do discurso ao real engajamento, e do engajamento à mudança efetiva, há um longo caminho a ser percorrido – que pode ser encurtado com algumas estratégias de pressão popular.

As redes sociais, por exemplo, têm demonstrado um alto poder de mobilização. O ativista Diego Ramalho, do Instituto Atuação e ex-coordenador do Instituto de Fiscalização e Controle (IFC), cita como exemplo o sucesso da campanha contra a PEC 37, que restringiria o poder de investigação do Ministério Público e ficou conhecida como a PEC da Impunidade: "Fizemos muitas manifestações em Brasília e isso chegou até o ouvido da população, que se articulou sozinha e assinou a petição eletrônica contra a PEC. Isso foi um movimento horizontal, sem lideranças."

Além da petição eletrônica e das populares passeatas, as manifestações visuais também são grandes agentes mobilizadores na opinião de Ramalho. "Ações como as da [ONG carioca] Rio da Paz, que colocou vassouras e bolas de futebol em frente do Congresso Nacional, e trouxe à tona a questão do desaparecimento do Amarildo, instigam as pessoas e recebem suporte da mídia. O cidadão que não é militante começa a refletir sobre aquele ato", explica.

A boa e velha correspondência, física ou eletrônica, entre eleitor e parlamentar também é apontada como eficaz. "É claro que o político não lê tudo, mas a assessoria dele dá um feedback importante que direciona suas ações." Ramalho completa que os políticos têm ainda Facebook e Twitter, e uma cobrança nessas redes também funciona.

Por último, a simples fiscalização, independente ou coletiva – como a campanha Adote um Distrital, na qual cada participante ficou incumbido de verificar as contas de um político –, é uma atitude cidadã e ao alcance de todos. "Você não precisa estar atrelado a um movimento para fazer algo assim, mas pertencer a um grupo forte para te dar um respaldo pode ser importante também", diz Ramalho.

Para o webativista Pedro Markun, integrante do coletivo Transparência Hacker, as pessoas que já estão interessadas nisso vão se aproximar. "Basta que você tenha transparência e faça todas as suas ações de modo aberto a quem quiser participar", orienta.

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