
Ex-candidato a presidente dos Estados Unidos nas eleições de 2008, o senador do Partido Republicano John McCain, do Arizona, se encontrou ontem com a presidente Dilma Rousseff, em Brasília, para tentar convencer o governo brasileiro a comprar os caças norte-americanos F-18 Super Hornet para reequipar a Força Aérea nacional. McCain disse que vai atuar para que o presidente Barack Obama e o Congresso dos EUA "deixem claro" que haverá transferência de tecnologia para o governo brasileiro no caso de compra das aeronaves norte-americanas para a renovação da frota da Força Aérea Brasileira (FAB).
Os Estados Unidos, com os F-18, produzidos pela Boeing, estão na disputa pela encomenda de 36 novos caças. A concorrência internacional tem valor estimado de R$ 10 bilhões. Os favoritos são os caças franceses Rafale. Também estão na disputa os aviões suecos Gripen. A principal crítica do governo brasileiro em relação aos caças americanos é em relação à transferência de tecnologia dos caças que não estaria assegurada na proposta norte-americana.
"Há preocupação [do governo brasileiro] em relação à transferência de tecnologia. Eu pretendo voltar e fazer com que o presidente dos Estados Unidos e o Congresso deixem completamente claro que haverá transferência completa de tecnologia se o governo brasileiro decidir adquirir os nossos caças", afirmou McCain, em entrevista após o encontro com a presidente Dilma, no Palácio do Planalto. McCain estava acompanhado do senador John Barrasso (do Wyoming), também do Partido Republicano. Ainda não há data para que o Brasil anuncie qual dos modelos de caça será escolhido.
No encontro com Dilma, que durou cerca de meia hora, Dilma, McCain e Barrasso também falaram sobre as novas descobertas de petróleo na camada do pré-sal. O governo brasileiro sancionou, no fim do governo Lula, um novo marco regulatório para o setor, com a criação do regime de partilha. O modelo contraria os interesses de grandes petroleiras, pois, pelo modelo, as empresas têm que passar para a União parte do petróleo extraído.
Direitos humanos também estiveram em pauta. Perguntado se trataram da relação de proximidade entre o governo brasileiro e o Irã, McCain não deixou claro se esse tema específico foi tratado com a presidente, mas disse ter ficado "feliz, ao ouvir, em outra entrevista, que a presidente do Brasil não concorda com as políticas repressivas praticadas pelo Irã", disse McCain.
No encontro, o senador se alinhou aos interesses comerciais do Brasil na área de biocombustíveis ao se dizer contrário aos subsídios americanos à produção de álcool, e disse acreditar que a prática será derrubada em breve pela Organização Mundial do Comércio (OMC).



