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Enrico Gianelli, ex-advogado da Gtech, afirmou, em depoimento na CPI dos Bingos nesta terça-feira, que todas as denúncias contra ele são infundadas. Ele é acusado de intermediar a contratação do advogado Rogério Buratti pela empresa para facilitar a renovação de contrato com a Caixa Econômica Federal no valor de R$ 260 milhões anuais, destinado ao gerenciamento de todo o sistema de informática e tecnologia das loterias federais. Buratti também já foi ouvido na CPI dos Bingos. Gianelli depõe na condição de testemunha e assinou um termo de compromisso para dizer a verdade.

- Nunca o Rogério (Buratti) chegou para mim e prometeu qualquer tipo de vantagem indevida. Não estou aqui para defender ninguém. Sempre que precisou fui duro - afirmou.

Gianelli afirmou que conheceu Rogério Buratti, ex-secretário de Ribeirão Preto (SP) na gestão do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, a partir de uma investigação que realizou para a multinacional Gtech no final de janeiro de 2003. Gianelli disse também ter sido ele o elo entre a Gtech e Buratti.

- Fui eu que apresentei o Buratti ao Rovai - declarou ele, referindo-se a Marcelo Rovai, que foi diretor da Gtech.

Interrogado pelo relator da comissão, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), Gianelli disse que a gravação onde ele e Buratti foram flagrados marcando um suposto encontro fazia parte de sua investigação dos antecedentes do ex-secretário de Ribeirão Preto. Contudo, a gravação citada por Gianelli foi feita pela Polícia Federal em 10 de maio de 2004, mais de um ano depois do início do levantamento descrito por ele.

Gianelli disse ainda que nunca recebeu pagamentos da Gtech.

- Nunca fui empregado da Gtech, ela nunca me pagou. Eu fazia parte de um grupo de 30 advogados da Fisher & Foster, que trabalhavam para ela.

Ele afirmou também que não fez parte das negociações financeiras do contrato com a CEF.

- Quem negociava eram os diretores (Antonio Carlos Lino da Rocha e Marcelo Rovai), eu fazia a parte jurídica do processo - declarou.

Sobre sua relação com Buratti, Gianelli contou que conversou diversas vezes com o advogado. Segundo ele, a relação dos dois não era apenas profissional, os dois teriam um hobby em comum: motocicletas.

Gianelli saiu em defesa da sua ética profissional e fez questão de contar que recebeu e-mail da Gtech parabenizando o por sua atuação na empresa.

- O que me resta é minha honra como profissional. Devo confessar a vocês que dediquei minha vida a isso. Perdi o nascimento da minha filha por causa disso e o primeiro Dia dos Pais. Para mim, é muito penoso estar aqui, tendo a certeza que meu dever foi cumprido - afirmou.

Depois de pouco mais de três horas de depoimento, a sessão foi interrompida porque Gianelli disse que tem sido ameaçado, mas só aceitou dar detalhes em uma sessão fechada. Ele, então, passou a ser ouvido sem a presença da imprensa.

Em seguida, o advogado revelou que foi ameaçado em meados de 2003 pelo diretor de marketing da Gtech, Marcelo Rovai. Segundo Gianelli, Rovai teria dito que ele perderia o emprego que tinha na empresa Fischer & Foster Advogados e a inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil. O advogado não disse, no entanto, os motivos que teriam levado Rovai a fazer a ameaça. Gianelli também contou aos senadores que, naquele mesmo ano, foi convidado a se retirar do escritório de advocacia em que trabalhava. O presidente da CPI, senador Efraim Moraes (PFL-PB), considerou a afirmação grave e pediu que a OAB tome providências em relação a Rovai.

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