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O ex-assessor da Casa Civil e ex-secretário de Comunicação do PT Marcelo Sereno caiu em contradição durante seu depoimento na CPI dos Bingos. Sereno, que despachava diariamente com o ex-ministro José Dirceu, de quem reconheceu ser homem de confiança, primeiro negou que tratasse de qualquer assunto do PT no Palácio do Planalto, mas em outro momento do depoimento reconheceu que recebeu na Casa Civil o empresário Marcos Valério, acusado de ser o operador do mensalão, para tratar da participação do empresário em campanhas do PT no Rio de Janeiro, onde Sereno tem grande influência. O depoimento durou três horas.

Indagado sobre encontros na Casa Civil, respondeu:

- Ele (Valério) me visitou duas ou três vezes e eu posso ter almoçado com ele também - disse Sereno, afirmando que conheceu Valério no fim de 2003 na sede nacional do PT em São Paulo.

O ex-assessor disse que o empresário o procurou porque sabia de sua influência no PT do Rio.

- Ele tinha uma agência e queria fazer alguma campanha do Rio. Como sabia da minha influência, me procurou e acabou fazendo a campanha de Petrópolis - disse Sereno.

O ex-assessor da Casa Civil negou que tivesse conhecimento do suposto mensalão e dos empréstimos feitos por Valério e a direção o PT. Segundo ele, seu envolvimento com Valério está restrito às campanhas publicitárias.

Sereno também reafirmou que nunca fez nenhuma indicação para cargos no governo Lula e negou que atuasse como arrecadador de recursos de campanha no Rio. O ex-secretário do PT disse desconhecer o esquema de corrupção montado na Loterj comandado pelo ex-presidente da entidade Waldomiro Diniz, que também trabalhou na Casa Civil no governo Lula. A CPI desconfia que, à época das eleições, Sereno mantinha ligações escusas com Waldomiro, acusado pela CPI de conseguir doações para campanhas eleitorais em troca de propina.

- Eu sou, eu sou, eu era secretário-executivo de gabinete e não tive nenhuma relação com a Loterj, nem durante o governo de Benedita no Rio nem depois do governo Benedita. Nunca tive contato para tratar de qualquer assunto com o senhor Valdomiro. Me arrisco a dizer que talvez nunca tenha falado com Valdomiro durante aquele período. Se falei foi uma ou duas vezes sobre assuntos que não tinham a ver com Loterj ou com o governo do estado.

Sereno negou que tenha tido conhecimento das ações de Waldomiro para arrecadar dinheiro. Perguntado se tinha se encontrado com Waldomiro durante o governo Lula, respondeu:

- Sim, muitas vezes. Não sei responder quantas. Sempre tratava da situação da base aliada, das reclamações que tínhamos porque acordos não estavam sendo cumpridos, basicamente isso.

Sereno depôs protegido por hábeas-corpus preventivo concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O petista foi tratado como investigado, não como testemunha. Com isso, não precissou assinar termo de compromisso de dizer a verdade e não seria preso se se recusasse a responder qualquer pergunta. Sereno também obteve o benefício de ser acompanhado e assessorado por um advogado durante todo o interrogatório.

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