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Paulo Roberto Costa teria dito na prisão que se contasse tudo o que sabe não haveria eleições neste ano | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Paulo Roberto Costa teria dito na prisão que se contasse tudo o que sabe não haveria eleições neste ano| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Entenda o caso

Veja quais são as suspeitas envolvendo Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras:

• Empresas

Segundo o Ministério Público Federal do Paraná (MPF), empreiteiras e consócios que recebiam verbas da Petrobras firmavam contratos com empresas de prestação de serviço (de recursos humanos, consultoria empresarial, comunicação, entre outras) ligadas a Costa e familiares dele.

• Suspeita

A suspeita do MPF é que os serviços nunca aconteceram, pois algumas das empresas não teriam nem funcionários qualificados. As empresas, então, teriam como função principal repassar as verbas recebidas a Costa e pessoas ligadas a ele.

• Doleiro

O esquema, segundo a investigação, é muito parecido ao encontrado em empresas ligadas ao doleiro Alberto Youssef, com quem Costa havia se associado para a compra da Ecoglobal, que obteve um contrato de R$ 443,8 milhões com a Petrobras, de acordo com a apuração. Segundo a PF, Youssef e outros três doleiros teriam movimentado aproximadamente R$ 10 bilhões de forma atípica.

• Contrato

Uma das empresas que pode estar envolvida no esquema é do genro de Costa, Humberto Sampaio de Mesquita, mantida em sociedade com Marcelo Barboza Daniel. A corporação firmou contrato de R$ 2,5 milhões com a Petrobras para prestar serviço de qualificação e capacitação.

• Movimentação

A quebra de sigilo bancário de Costa indicou que ele movimentou numa única conta R$ 3 milhões em quatro meses de 2013. Pelo menos R$ 1 milhão foi repassado por Daniel. Barboza também é citado como sócio de sete empresas com sede no mesmo endereço no Rio.

• Réus

Os dois genros e as filhas de Costa também são réus em um processo, acusados de destruir documentos que seriam coletados pela PF, em março.

Réu liga tesoureiro do PT a grupo de doleiro

Num depoimento à Polícia Federal, um dos integrantes do esquema investigado na Operação Lava Jato afirmou que o secretário nacional de finanças do PT, João Vaccari Neto, era um dos contatos de fundos de pensão com a CSA Project Finance Consultoria e Intermediação de Negócios Empresariais, empresa que o doleiro Alberto Youssef usou para lavar R$ 1,16 milhão do mensalão, segundo a PF, informa O Estado de S. Paulo. "João Vaccari esteve várias vezes na sede da CSA, possivelmente a fim de tratar de operações com fundos de pensão com Cláudio Mente", disse o advogado Carlos Alberto Pereira da Costa, apontado como laranja de Youssef e do ex-de­putado José Janene (morto em 2010). Vaccari Neto informou que Cláudio Mente, da CSA, é seu amigo e que o visitou "eventualmente" na empresa. Ele disse nunca ter feito negócios com ele. Vaccari disse que não conhece o advogado e que, entre 2005 e 2006, época da operação com o Petros, não era tesoureiro do PT, mas sindicalista. Ele lamentou a acusação do depoente.

Agência Estado

  • Procuradores que integram a força-tarefa da Lava Jato e representantes da PF em entrevista ontem em Curitiba

Após a Polícia Federal fazer operações de busca em empresas de sua filha, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa aceitou fechar ontem um acordo de delação premiada com procuradores que atuam na Operação Lava Jato para deixar a prisão. Ele é considerado uma bomba política pelos contatos que tinha quando era diretor da Petrobras.

Costa foi indicado em 2004 pelo PP, obteve depois o apoio do PT e tinha trânsito no PMDB. Ficou no cargo até 2012. Ao mesmo tempo, tinha contato com a cúpula das maiores empreiteiras do país. Ele teria dito na prisão que se contasse tudo o que sabe não haveria eleições neste ano.

Delação premiada é um recurso pelo qual um réu fornece informações para a Justiça em troca de uma pena menor. Uma nova advogada, especializada em delação premiada, foi enviada pela família a Curitiba, onde Costa está preso, para discutir os termos da delação. Beatriz Catta Preta, a defensora escolhida, já cuidou da colaboração dos doleiros Raul Srour e Richard de Mol van Otterloo. O advogado que defendia Costa, Nelio Machado, deixou o caso por discordar da estratégia. "Estão trocando uma defesa certa por uma aventura", disse Machado.

Acusação

O ex-diretor da Petrobras foi preso pela segunda vez no dia 11 de junho, após as autoridades da Suíça informarem à Justiça brasileira que ele tinha contas com US$ 23 milhões naquele país. Costa havia sido preso inicialmente em 20 de março sob acusação de ocultar provas, mas foi liberado pelo Supremo Tribunal Federal.

Ele é réu em um processo sob acusação de ter superfaturado contratos da refinaria Abreu e Lima, que está sendo construída em Pernambuco. O valor a mais teria retornado a ele como propina. O doleiro Alberto Youssef, preso com Costa, é acusado da lavagem desse dinheiro.

A decisão sobre a delação ocorreu no mesmo dia em que a PF fez operações de busca e apreensão em 13 empresas no Rio de Janeiro que pertencem a uma filha, um genro e um amigo de Costa (leia mais ao lado). A suspeita da PF e da Procuradoria é de que elas servissem para "justificar o repasse de propina" a Costa. Elas tinham contratos com fornecedoras da Petrobras que participaram da construção da refinaria Abreu e Lima e de outras obras no Rio.

O procurador da República Carlos Fernando Lima diz que todas tinham uma característica comum: "Nenhum empregado, nenhuma expertise e pagamentos de empreiteiras que prestaram serviço à Petrobras sem justificativa." Muitas não tinham funcionários registrados. Algumas receberam até R$ 3 milhões de fornecedoras da Petrobras.

A maioria das empresas está em nome de sua filha, do genro, Humberto Sampaio de Mesquita, e de sua mulher. A conexão principal entre elas, porém, é o empresário Marcelo Barboza Daniel, amigo de Costa. Ele está nos EUA, mas prometeu colaborar.

PF faz buscas em empresas de Costa

Katna Baran, com agências

As empresas alvos de mandados de busca e apreensão da Polícia Federal (PF) ontem no Rio de Janeiro são suspeitas de receber dinheiro desviado de obras da Petrobras por meio de contratos com empreiteiras e consócios ligados à estatal. Segundo investigações, as verbas foram repassadas ao ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa e pes­soas próximas a ele.

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), as investigações da Operação Lava Jato chegaram aos nomes das corporações por meio de análises de transações financeiras descobertas a partir da quebra de sigilos de Costa e seus parentes. As transferências e os trabalhos contratados são similares aos de outras empresas ligadas ao doleiro londrinense Alberto Youssef, também suspeito de envolvimento no esquema.

Conforme a PF, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão em dez empresas e uma residência, todos no Rio. Oito empresas funcionavam no mesmo local. As corporações eram ligadas a Paulo Roberto, sua mulher, sua filha, seu genro e um sócio do genro. Este último, Marcelo Barboza Daniel, também era alvo de um mandado de condução coerci­tiva (levado a prestar depoimento), mas estava em viagem aos Estados Unidos.

Segundo a delegada Erika Marena, Daniel foi contatado e se colocou à disposição da Justiça. A data e o local do depoimento já estão definidos, mas não foram divulgados. O nome do empresário já havia sido citado em documentos da Operação Lava Jato, já que a empresa dele e do genro de Costa, Humberto Sampaio de Mesquita, firmou contrato de R$ 2,5 milhões com a Petrobras para prestar serviço de qualificação e capacitação.

A quebra de sigilo bancário de Costa indicou que ele movimentou numa única conta R$ 3 milhões em quatro meses de 2013 e parte desse dinheiro foi repassado por Daniel. "Foi verificado um pico de movimentação no mês de 02/2013, no valor de R$ 1 milhão, proveniente de TED recebida de Marcelo Barboza Daniel", diz relatório da PF. No mesmo documento, Barboza é citado como sócio de sete empresas com sede no mesmo endereço no Rio. Os dois genros e as filhas de Costa também são réus em um processo, acusados de destruir documentos que seriam coletados pela PF, em março.

Fachada

A suspeita do MPF é que as empresas envolvidas no esquema são de fachada. O MPF preferiu não informar a quantia total recebida pelas empresas, pois ainda não se sabe se todos os recursos foram desviados e se os serviços foram prestados.

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