
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, em prisão domiciliar desde outubro do ano passado, prestou depoimento nesta terça-feira (2), à Justiça Eleitoral, no Rio de Janeiro, sobre a suspeita de repasse de recursos desviados da estatal em forma de doações oficiais à campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff em 2014. O doleiro Alberto Youssef, principal alvo da Operação Lava Jato, será ouvido na próxima terça.
Costa foi questionado se houve pagamento de propina aos partidos da coligação liderada pelo PT, conforme alegação do processo movido pelo PSDB no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O teor do depoimento, entretanto, não foi revelado.
Nos depoimentos dados à força-tarefa da Operação Lava Jato, e também à CPI da Petrobras, Costa já relatara o suposto pagamento de R$ 2 milhões à campanha de eleição de Dilma, em 2010. Segundo ele, o repasse havia sido feito a pedido de Youssef, que nega a acusação Costa.
O corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro João Otávio de Noronha, havia negado, em abril, pedidos de colheita de provas e inquirição de testemunhas na ação. Noronha, então, reconsiderou a decisão. As denúncias sobre a campanha de 2010 não são objeto da análise dessa ação no TSE, que investiga a campanha eleitoral de 2014.
Costa depôs por cerca de 40 minutos na sede do Tribunal de Justiça do Rio. Ele chegou em viatura da Polícia Federal (PF) às 8h30, e aguardou pelo depoimento na carceragem. Na saída, estava no banco de trás do carro da PF, entre dois agentes federais.
Além do ex-diretor e do doleiro Youssef, o servidor público Herton Araújo, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), foi listado como testemunha na ação. Ele prestou depoimento na semana passada, em Brasília, sobre a “suposta sonegação de dados relativos ao quadro socioeconômico do país ao longo do pleito de 2014”, de acordo com o despacho judicial.
A Ação de Investigação Judicial Eleitoral foi aberta a pedido do PSDB, que questiona a campanha da presidente por “abuso do poder econômico e político” e “obtenção de recursos de forma ilícita”. O processo foi aberto em 18 de dezembro, mesmo dia da diplomação da presidente reeleita.
De acordo com despacho do ministro do TSE João Otávio de Noronha, a ação “examina a suposta obtenção de recursos de forma ilícita de empresas prestadoras de serviço à Petrobras, repassados aos partidos integrantes da coligação formada em apoio dos candidatos representados e vertidos para a campanha eleitoral”.



