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Sérgio Gabrielli em visita à CPI da Petrobras na Câmara dos Deputados, em 2015 | Laycer Tomaz/Câmara dos Deputados/Arquivo
Sérgio Gabrielli em visita à CPI da Petrobras na Câmara dos Deputados, em 2015| Foto: Laycer Tomaz/Câmara dos Deputados/Arquivo

O ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli disse em depoimento ao juiz da 13ª Vara Federal em Curitiba, Sergio Moro, que apesar de considerar rígido o sistema de controle interno e externo da estatal, não foi possível identificar os malfeitos que foram descobertos posteriormente no âmbito da Operação Lava Jato.

“Nem Polícia Federal, nem auditoria interna e externa, nem ouvidoria teve conhecimento do volume de informações que aparecem depois das investigações da Lava Jato. Na época contemporânea aos fatos, não era possível identificar esses comportamentos”, afirmou o ex-dirigente, que prestou depoimento na condição de testemunha de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Gabrielli disse que apesar dos valores desviados serem, “em termos absolutos, bastante significativos”, não poderiam ter sido captados pelos controles em função do “volume gigantesco de contratos” e “volume extraordinário de investimentos” da estatal.

“O que tem se revelado é essencialmente que esses confessos corruptos e corruptores cumpriram os requisitos internos e externos da Petrobras tentando escapar desses controles internos, tornando esses controles impossíveis de capturar esse tipo de comportamento”, afirmou o ex-presidente da estatal.

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Gabrielli disse nunca ter conversado com o ex-presidente Lula sobre eventuais desvios de comportamento na estatal, mas apenas sobre temas como “o plano estratégico da Petrobras”, sua importância para o “desenvolvimento das riquezas do Brasil” e o desenvolvimento de novas tecnologias.

“Nunca tivemos conversa sobre a utilização de recursos escusos com as atividades da Petrobras, ao contrário, o objetivo era ter a melhor gestão possível para atingir os objetivos estratégicos definidos pelo Conselho de Administração”, afirmou.

O ex-dirigente admitiu, no entanto, que havia influência política no processo de escolha de diretores da Petrobras, desde o ano de sua fundação.

“Isso era uma discussão interna ao nível do governo, que faz sua escolha ao apresentar aos membros do Conselho. Isso é um processo que ocorre desde 1953, desde quando a Petrobras foi fundada”.

O ex-presidente da Petrobras disse que a indicação de Jorge Zelada para a diretoria internacional da Petrobras, em substituição a Nestór Cerveró foi levada à Petrobras pelo então presidente do Conselho de Administração da estatal, Guido Mantega.

Relações institucionais

Ex-ministro dos governos Lula e Dilma e governador da Bahia entre 2007 e 2014, o secretário de desenvolvimento econômico da Bahia, Jaques Wagner, também prestou depoimento e disse não ter havido qualquer tipo de irregularidade no período em que esteve no cargo de ministro de Relações Institucionais, entre 2005 e 2006, para aumentar a base de apoio do governo petista.

A força-tarefa da Lava Jato afirma que propinas cobradas de contratos da Petrobras foram usadas para ampliar a base de apoio ao PT, que incluiu PMDB e PP.

“No meu período não. Desconheço - disse Wagner, que falou por videoconferência, como testemunha de defesa de Lula na ação que envolve supostos benefícios pagos ao ex-presidente pela empreiteira OAS.

O ex-governador afirmou que é normal que parlamentares, governadores e prefeitos se aproximem do partido que está no comando do Executivo.

“Infelizmente, como o quadro partidário no Brasil é muito dilacerado, com mais de 40 partidos políticos, muitos querem perfilar ao lado de quem está no governo.É natural que o Executivo eleito rapidamente alcance a maioria”, explicou. “Desconheço a utilização de dinheiro publico para conquista de mais parlamentares”, acrescentou.

Wagner citou como exemplo a última mudança de governo, quando muitos integrantes da base de apoio da ex-presidente Dilma Roussef (PT) passaram a apoiar o presidente Michel Temer (PMDB). Ele afirmou que, quando assumiu o cargo, a diretoria da Petrobras já estava montada.

Perguntado se Lula participava diretamente das negociações, Wagner explicou que o ex-presidente sempre recebeu lideranças partidárias, mas em blocos.

“O ex-presidente sempre foi de receber lideranças, blocos parlamentares, conselho político. [Os contatos] se davam em reuniões grandes, jantares no Palácio da Alvorada ou no Planalto”.

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