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Meirelles: ex-presidente do BC pode disputar a prefeitura de São Paulo em 2012 | Valter Campanato/ABr
Meirelles: ex-presidente do BC pode disputar a prefeitura de São Paulo em 2012| Foto: Valter Campanato/ABr

Especialistas

Troca-troca partidário deixa questão ideológica de lado

Especialistas afirmam que as trocas de partidos em cima do prazo para poder disputar eleições mostra que os políticos enxergam as legendas muitas vezes como um mero instrumento de suas conveniências, deixando de lado a questão ideológica. Assim, passam de uma agremiação para outra sem se preocupar necessariamente com contradições entre os estatutos e as bandeiras que passam, teoricamente, a defender.

"Há dois tipos de políticos", afirma o professor de Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Adriano Codato. "Tem aquele que quer ocupar cargos para implementar determinadas políticas. E tem o que quer simplesmente ocupar os cargos", diz. Para ele, o segundo tipo é o que não se preocupa com a legenda nem com a ideologia do partido.

Para Codato, a criação do PSD, que em boa medida saiu do papel para dar legenda a políticos que estavam insatisfeitos em seus partidos de origem, é parte desse quadro. "O PMDB é assim: reúne políticos de diversas origens com a clara intenção de chegar ao poder e ocupar posições. O PSD, como já está se dizendo, é o PMDB do futuro", afirma.

Fabrício Tomio, também professor de Ciência Política da UFPR, diz que a troca de partidos é comum em função até mesmo de uma sobreposição que existe entre as legendas brasileiras. "Há vários partidos do mesmo campo ideológico. E normalmente as trocas são dentro desses blocos de atuação semelhante", afirma.

Para Tomio, a própria falta de democracia interna dos partidos é responsável, também, pelas mudanças recorrentes de legendas. "O PSD tem uma história que começa na disputa pelo poder dentro do DEM. O grupo que não conseguiu o comando da legenda acabou saindo", diz ele. (RWG)

O ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles filiou-se ontem ao PSD e mudou seu domicílio eleitoral de Goiás para São Paulo com a garantia do presidente do partido, Gilberto Kassab, de que poderá concorrer à prefeitura paulistana, no ano que vem, ao governo paulista ou a um cargo numa chapa presidencial, em 2014. A filiação de Meirelles foi a maior surpresa reservada pelo PSD no último dia de mudança partidária para quem pretende disputar a eleição municipal em 2012.

O convite para que Meirelles deixasse o PMDB e se filiasse ao PSD foi feito por Kassab há cerca de um mês e ganhou força depois que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) garantiu a legenda para o partido, na semana passada. Meirelles, no entanto, só se decidiu a trocar de legenda e de domicílio eleitoral em cima da hora. Na quinta-feira ele pediu ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Goiás a desfiliação do PMDB. No mesmo dia Meirelles comunicou a seu antigo partido que estava saindo.

Meirelles havia se filiado ao PMDB em 2009. Ele esperava ser chamado para a vice da candidata Dilma Rousseff. Mas o escolhido foi o presidente do PMDB, o hoje vice-presidente Michel Temer.

Na época, Meirelles reconheceu que apesar de ter por padrinho da filiação o ex-governador Iris Rezende, era um neófito no PMDB e não tinha como disputar espaço com Temer. Por isso, ficou na presidência do Banco Central até o fim do governo de Lula, totalizando oito anos à frente da instituição. Sua política austera de combate à inflação, baseada em altas taxas de juros, deram-lhe credibilidade internacional. Acabou ganhando o prêmio de melhor presidente de banco central no mundo.

No Paraná

Em Curitiba, o último dia para troca de partidos foi movimentado. O presidente municipal da nova legenda, deputado estadual Ney Le­­prevost, comemorou as 122 filiações de pré-candidatos a vereador de Curitiba na eleição do ano que vem. "É uma grata surpresa o desempenho do PSD em Curitiba. Temos total condição de lançar chapa própria e já contamos com três nomes capazes de disputar cargo majoritário em 2012 como prefeito ou vice", afirmou, citando ele próprio, o empresário Joel Malucelli e o ex-deputado Luiz Carlos Martins (ex-PDT).

O diretório estadual do PSD já havia confirmado a filiação do deputado federal Reinhold Stephanes (ex-PMDB) e trabalhava para atrair outros parlamentares federais paranaenses para a legenda. Como o prazo para novas filiações, para quem não vai disputar a eleição municipal do ano que vem, termina apenas no dia 27 de outubro, o PSD ainda aguarda a decisão dos deputados federais Assis do Couto (PT) e Sandro Alex (PPS).

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