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Depoimentos

Paranaense diz que comissão virou "faz de conta"

Ex-titular da CPI do Cachoeira, o deputado federal paranaense Fernando Francischini diz que a comissão se transformou em um "faz de conta" ao aceitar que os depoentes investigados pela Justiça permaneçam calados durante as sessões. "Houve um acerto entre a base do governo e a oposição", acusa. Segundo ele, o acordo ocorreu quando foram aprovados os requerimentos de convocação do ex-diretor da Delta Fernando Cavendish e do ex-diretor-geral do Dnit Luiz Antônio Pagot.

O PSDB decidiu substituir Francischini da CPI por ele estar de saída para o recém-fundado Partido Ecológico Nacional. Durante a participação na CPI, o deputado ficou marcado por apoiar a convocação do governador goiano Marconi Perillo, do PSDB. Além disso, quase trocou socos com o deputado paranaense Dr. Rosinha (PT) em plena sessão. Para Francischini, não há perspectiva de futuro para a CPI. "Depois que entregaram a cabeça do Demóstenes para a opinião pública, o caso agora vai ser engolido pela pauta do mensalão."

O que a cassação de Demóstenes significa para a ética na política?

Para a opinião pública, a cassação pode até parecer uma punição. Quem conhece a política, no entanto, sabe que o julgamento teve mais a ver com o jogo partidário e a disputa entre governo e oposição. Há indicativos claros de que houve mais políticos envolvidos, é só ver o andamento da CPI do Cachoeira. Mas por que só o Demóstenes tem de pagar? Demóstenes foi imolado, mas não por uma preocupação ética do Parlamento.

Então ele foi mesmo um "bode expiatório"?

Lembra quando o Collor disse ao povo "não me deixem só" em meio ao impeachment? É a mesma situação. Quando um político entra num processo irreversível de execração pública, ele é abandonado à expiação pelos colegas.

Se ele fosse de um partido grande, como PT ou PMDB, o critério de julgamento seria o mesmo?

Se ele estivesse em um partido do governo, talvez a situação fosse um pouco mais confortável. Mas vale lembrar que ministros também caíram recentemente, mesmo sendo de partidos grandes. O que está em jogo é a mensuração do estrago político, a análise de até onde um aliado vale a pena.

Por que os escândalos são tão comuns e as cassações tão raras no Congresso?

Há escândalos porque algumas vezes é interessante para um grupo político denunciar outros. Além disso, o controle da sociedade é cada vez maior. Quanto às cassações, lembre-se de que 19 senadores disseram que o Demóstenes não deveria perder o mandato. Muitas vezes deixar um possível aliado ser queimado significa perder espaço político. Há também o espírito de corpo: se eu punir hoje, posso ser punido amanhã.

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