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Rio de Janeiro (AE) – O líder do PP na Câmara, deputado José Janene (PR), acusado de ser beneficiário e distribuidor do mensalão, e seu chefe de gabinete, João Claudio Genu, fizeram visitas sistemáticas ao gabinete do diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, na sede da estatal, no Rio. Genu foi apontado como intermediário nas operações de distribuição de propina e teve seu nome revelado no rol dos sacadores de dinheiro da conta da SMPB no Banco Rural, com a cota de R$ 1,15 milhão.

Funcionário de carreira da estatal, que teria sido indicado para o cargo pelo PP, Paulo Roberto Costa confirmou as visitas dos dois, a partir de sua efetivação no cargo, em maio de 2004. Mas disse que não saberia especificar quantas foram. Declarou apenas que recebeu o parlamentar, que conhece há cerca de três anos, e seu assessor da mesma forma que fez com "tantos outros" políticos.

Segundo o diretor, as visitas eram motivadas por solicitações de atendimento a bases eleitorais do PP. "Uma vez, por exemplo, foi pedido algum plano social da Petrobrás na área da prefeitura de Araucária (PR), que é do PP", disse Costa, negando qualquer relação com as denúncias que envolvem o PP.

"Recebemos ‘n’ pessoas de ‘n’ partidos. O deputado Janene e João Genu estiveram algumas vezes aqui. Mas nunca foi mencionado nada sobre verba ou sobre qualquer esquema com empresas. Não houve nenhuma referência a propina até porque, se houvesse, com certeza eu o botaria para fora (do gabinete)", disse Costa.

A diretoria de Abastecimento da Petrobrás lida, basicamente, com empresas distribuidoras de combustíveis, indústrias petroquímicas, refinarias e com a comercialização de combustíveis.

Este setor não tem nenhuma relação com empresas como a GDK Engenharia, que deu ao ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira um jipe Land Rover, no valor de R$ 72 mil, o que ocasionou o desligamento de Sílvio do PT na sexta-feira. A área responsável pela licitação é a diretoria de Serviços, ocupada por Renato Duque, também funcionário de carreira da Petrobrás, mas que teve sua nomeação atribuída à influência de José Dirceu, então ministro-chefe da Casa Civil. "Conheço José Dirceu há uns seis anos, de eventos do partido e encontros sociais, mas não tenho com ele nenhuma intimidade", diz. Ele Negou também qualquer relação de parentesco com o ex-ministro. Porque entre os funcionários da estatal teria chegado a circular a informação de que ele, Duque, seria concunhado de Dirceu.

Duque considerou natural a escolha da GDK para a obra na P-34, mesmo com a inexperiência da empresa com plataformas de petróleo.

Contratos

O Tribunal de Contas da União (TCU) criticou dois contratos que passaram pela diretoria de Duque: a reforma da P-34 e construção da plataforma de rebombeio PRA-1, obra de cerca de R$ 1 bilhão, entregue à Construtora Odebrecht, que não fez a oferta de menor preço. Ao proferir seu voto no caso, o relator do processo, o ministro Ubiratan Aguiar, disse não ter dúvidas "a respeito das ilegalidades praticadas pelos administradores da Petrobrás", no tocante ao modelo de licitação feita por carta-convite.

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