A defesa de empresários da empreiteira OAS investigados na Operação Lava Jato solicitou, nesta segunda-feira (12), que a Polícia Federal (PF) apure os vazamentos de informações prestadas em depoimentos de delação premiada. Na semana passada, a defesa do policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como "Careca", fez o mesmo pedido. A PF já anunciou em pelo menos três ocasiões que iniciaria investigações sobre os vazamentos. Até agora, porém, não há sinal de que alguma apuração tenha surtido resultado.
No documento enviado à Justiça Federal, os advogados da OAS pedem para que "seja certificado se há determinação judicial para investigar os vazamentos". Eles citam títulos de reportagens veiculadas na imprensa com informações sigilosas prestadas por Youssef e por Rafael Ângulo Lopez, que atuava como "mula" do doleiro. "A tais documentos só têm acesso agentes públicos ou advogados de delatores, o que implica, por lógica, que algum deles seja a fonte dos vazamentos", diz o texto.
A defesa sugere que autores dos vazamentos respondam pelo artigo 154 do Código Penal, que prevê detenção de três meses a um ano ou multa por revelar informações que podem causar prejuízo a outras pessoas.
Investigações
Em setembro, a PF abriu inquérito para investigar vazamento do depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que teria citado políticos beneficiários do esquema.
No mês seguinte, foi anunciado outro procedimento depois que a revista "Veja" publicou reportagem, às vésperas da eleição, citando suposto depoimento do doleiro Alberto Youssef no qual ele teria afirmado que a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula "sabiam" dos desvios da Petrobras.
A terceira ocasião foi em novembro, quando advogados de executivos presos admitiram que sabiam com antecedência sobre a deflagração da sétima fase da operação.
A assessoria da PF afirma que os procedimentos são sigilosos e que não é possível informar o andamento das apurações.
Perdão judicial
A defesa de um dos delatores do esquema de corrupção investigado na Lava Jato pediu à Justiça Federal perdão judicial. Os advogados de Júlio Gerin de Almeida Camargo, ex-consultor da empresa Toyo Setal, alegam que o acusado merece o benefício por ter ajudado a identificar pessoas e detalhes sobre os desvios de recursos na Petrobras.
Em resposta à abertura da ação penal contra Camargo, ocorrida em dezembro passado, a defesa reafirmou todas as declarações dele em depoimento de delação premiada firmado com o Ministério Público Federal (MPF). O executivo confirmou pagamento de US$ 30 milhões ao empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, para intermediar a compra de sondas de perfuração para a Petrobras.



