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Curitiba – A prática da corrupção por funcionários públicos é "infinitamente menor" hoje em dia, afirma a historiadora Maria Aparecida de Aquino, da Universidade de São Paulo (USP), que estuda a ditadura militar (1964–1985) e as duas últimas décadas. De acordo com ela, no entanto, o problema contribui para agravar o clima de decepção provocado pelas denúncias de pagamento de mesadas a deputados e de fraudes em estatais como os Correios.

Maria de Aquino observa que a aparente redução dos crimes e o empenho na fiscalização não prevalecem na avaliação que a sociedade faz da crise política dos últimos dois meses. Segundo a historiadora, a expectativa em relação ao atual governo é maior do que a alimentada há 15 anos, na gestão de Fernando Collor de Mello, o que tende a ampliar a frustração dos eleitores. A descrença não estaria relacionada apenas aos governantes, mas também à linha de ação de governo e às instituições.

"Descobrir que o Collor estava envolvido com denúncias de corrupção não foi surpresa para quem conhecia sua tragetória. Agora é diferente. As pessoas podem se decepcionar não só com um governante, mas com o grupo que firmou um compromisso social durante os 25 anos de história do Partido dos Trabalhadores."

Em sua avaliação, para superar a crise, não bastará ampliar ou direcionar a fiscalização ao combate à corrupção. "Precisamos manter a idéia de que a apuração é uma constante, de que é necessário que o governo seja sempre vigiado." Maria de Aquino considera que as pessoas são tradicionalmente "venais no exercício do poder em qualquer país do mundo". Ela argumenta que o problema atinge "do Japão aos Estados Unidos".

Para a pesquisadora, o governo brasileiro agrava o suposto enfraquecimento de sua credibilidade ao não reagir imediatamente após as denúncias. Uma atitude mais incisiva poderia evitar as críticas direcionadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem sido poupado pelos denunciantes, mas vem sendo considerado omisso pelos analistas, observa. De acordo com Maria de Aquino, o silêncio de Lula, que não quis falar sobre as denúncias nos últimos dias, perpetua o clima de incerteza sobre os rumos políticos do país.

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