Família de cantora morta ao cair de trio elétrico vai processar organizadores

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Foi velado na tarde deste domingo (18), em uma capela no bairro da Pedreira, o corpo da cantora Cinthia de Cássia Silva do Rosário, de 28 anos, vocalista da banda "Doce Desejo".

Ela morreu após cair de um trio elétrico durante um show em Vila dos Cabanos, município de Barcarena. O enterro da cantora e também compositora será na manhã de segunda-feira (19), às 9h, no cemitério Parque das Palmeiras.

A família da vítima informou que vai entrar na Justiça contra a organização do Carnaval na cidade. Para Fabrício do Rosário, irmão da vítima, a falta de estrutura foi um dos elementos responsáveis para que o acidente ocorresse. "O local por onde passa o trio deveria ter mais estrutura. Não poderia ficar dependendo de que alguém levantasse os fios de eletricidade e telefone para o carro passar. Estamos conversando com os advogados ainda para saber quem e como a gente deve responsabilizar. Ficar impune não dá", afirmou.

Isabela Cavalcante, prima de Cinthia, estava revoltada. "Organizar um Carnaval não é apenas vender abadá e chamar banda. Tem que ter estrutura, segurança. Como que um fio prende no trio e derruba a banda? Isso é um absurdo!", disse.

Os diretores do trio elétrico, organizadores dos blocos e o secretário de Cultura de Barcarena, Dr. Borgânio, estão reunidos para discutir se encerram os festejos de Carnaval na cidade. Segundo Ricardo Paixão, coordenador do bloco 'Xavecos', no qual a banda estava se apresentando, foi montada estrutura de segurança para o evento.

"Contratamos cerca de 15 seguranças apenas para o bloco, fora os policiais militares e Bombeiros, que também faziam a segurança. Tinha uma pessoa para erguer esse fio, tinha tudo. É uma fatalidade e estamos muito tristes com tudo que aconteceu", afirmou.

Tragédia

A vocalista caiu de cima de um trio elétrico durante um show em Vila dos Cabanos, município de Barcarena, distante cerca de 35 km de Belém. O acidente ocorreu por volta das 23h deste sábado (17). Ela foi levada às pressas para Belém e morreu na manhã deste domingo (18) no Hospital Metropolitano. O outro vocalista da banda, marido de Cinthia, também caiu, mas teve ferimentos leves. A cantora já chegou com quadro de TCE (Traumatismo Craniano Encefálico) ao hospital.

Segundo Ricardo Paixão, coordenador do bloco Xaveco, um acidente parecido, mas em menores proporções, já havia ocorrido na noite de sábado. "Em um bloco anterior, os dançarinos caíram com os fios que atingiram o trio, mas não chegaram a despencar. Esqueceram de contar isso para a gente para que tivéssemos mais cuidado", afirmou.

Paixão viu de perto o acidente e, por pouco, também não foi uma das vítimas. "Eu estava do lado. Quando percebi o que estava acontecendo, ela [Cinthia] já estava gritando e caindo. Muita gente bateu no parapeito do trio, que quebrou. Como estava perto, ainda tentei puxá-la, mas não deu tempo. Foi tudo muito rápido", lamentou.

A festa em Vila dos Cabanos já é tradicional. Todos os anos, trios elétricos dão a volta na praça e reúnem foliões de municípios vizinhos. A cada ano, o tamanho dos trios aumenta, mas a estrutura na cidade não acompanha essa evolução.

Com isso, quando o trio passa nos cruzamentos das ruas, alguém é encarregado de levantar os fios de telefone e eletricidade nos postes. De acordo com Henrique Spies, que viu o acidente, na segunda volta do trio Pirata, do bloco Xaveco, o fio ficou preso na frente do trio elétrico. "Quando forçou demais quebrou e foi com tudo na direção da cantora, atinginda nas costas. Na hora, a Cinthia caiu. Ficou aquele tumulto", disse Spies.

Os trios continuaram com os shows, mas parados para evitar novos acidentes.