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No depoimento, Bernardo afirmou ter interpretado que a citação a Dilma, assim como a ministros do Supremo Tribunal Federal, como “blefe” do senador. | Sérgio Lima/Folhapress
No depoimento, Bernardo afirmou ter interpretado que a citação a Dilma, assim como a ministros do Supremo Tribunal Federal, como “blefe” do senador.| Foto: Sérgio Lima/Folhapress

Filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, Bernardo Cerveró afirmou aos procuradores da Lava Jato que o senador Delcídio do Amaral prometeu ajuda da presidente Dilma Rousseff para a tirar seu pai da prisão. A declaração está em depoimento prestado por Bernardo no último dia 19, que foi obtido pela TV Globo e confirmado pela reportagem.

Ator de teatro, Bernardo foi o pivô da prisão de Delcídio e do banqueiro André Esteves ao gravar uma conversa em que discutia com o petista o pagamento de uma mesada para a família em troca do silêncio do ex-diretor da Petrobras e até um plano de fuga de Cerveró para a Espanha.

Segundo o relato de Bernardo aos investigadores da Lava Jato, a presidente Dilma ajudaria “por filantropia ou porque a água chegou até o pescoço”.

No depoimento, Bernardo afirmou ter interpretado que a citação a Dilma, assim como a ministros do Supremo Tribunal Federal, como “blefe” do senador.

Para Bernardo, 95% dos comentários de Delcídio eram “blefes” porque o senador não apresentava detalhes como local da conversa, contexto e informações minuciosas. Os detalhes, no entanto, são mais numerosos quando o senador dizia falar em nome do banqueiro André Esteves.

A tese do “blefe” de Delcídio quando se referia a Dilma tornou-se crível aos olhos da Procuradoria-Geral da República porque não há indícios de que o senador tenha, de fato, tratado da libertação de Cerveró com a presidente.

Os quatro ministros do STF citados por Delcídio na conversa gravada por Bernardo -Teori Zavascki, Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Luiz Edson Facchin- negaram categoricamente terem tratado de um possível habeas corpus para Cerveró ou de anulação de atos da Operação Lava Jato.

OUTRO LADO

Em depoimento na semana passada, Delcídio afirmou que não procurou ministros para interceder em favor de Cerveró e que as conversas com o filho do ex-diretor da Petrobras tinham caráter “humanitário”.

Procurado, o advogado de Delcídio, Maurício Leite, não quis se manifestar sobre o depoimento prestado por Bernardo Cerveró.

A defesa do petista afirma que o senador jamais se beneficiou do esquema de corrupção da Petrobras nem tentou calar Cerveró ou manipular termos de sua delação premiada. Segundo o advogado, as afirmações dele foram descontextualizadas.

O advogado Beno Brandão, que defende Nestor Cerveró e acompanhou Bernardo no depoimento à PGR, afirmou que não irá se manifestar sobre a delação de seu cliente.

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