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O empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), teria ajudado a fechar acordo clandestino pelo qual um grupo de empreiteiras teria burlado o processo de licitação e é acusado de desviar dinheiro público da principal obra ferroviária do país, um trecho da linha Norte-Sul, segundo reportagem desta quinta-feira (15) da "Folha de S.Paulo".

Segundo o jornal, a suposta fraude foi apontada pela Polícia Federal e pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Orçada em mais de R$ 1 bilhão, a construção faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), vitrine eleitoral da ex-ministra da Casa Civil e pré-candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT). Perícia da PF avaliou em R$ 200 milhões o total dos prejuízos aos cofres públicos.

De acordo com a reportagem, o projeto é administrado pela Valec, estatal ligada ao Ministério dos Transportes há anos sob influência direta de José Sarney. Ulisses Assad, diretor da empresa à época do esquema, foi nomeado por indicação do presidente do Senado.

A licitação para o contrato 013/06, que trata de trechos entre os municípios goianos de Santa Isabel e Uruaçu, foi vencida pala Constran. Mas segundo o TCU em uma subcontratação "ilícita" e "grave" duas construtoras passaram a participar da obra sem análise nem autorização da Valec, em desrespeito à Lei de Licitações (8.666/93). Os peritos da PF apelidaram o esquema de "consórcio paralelo", pois segundo eles as empreiteiras driblam o resultado de concorrências e repartem "por fora" contratos públicos no país, segundo a Folha.

O jornal informa que a auditoria do TCU apontou sobrepreço de R$ 63,3 milhões na atuação deste "consórcio paralelo" e segundo a perícia da PF, a fraude chegou a R$ 59 milhões. Ainda de acordo com a PF, que atua no caso com a chamada Operação Faktor (ex-Boi Barrica), uma das empresas que participa do esquema é de fachada e de dois amigos de Fernando Sarney, sendo que um deles é apontado como operador das contas da família no exterior.

A segundA empresa teria pago "pedágio" para participar do esquema, de acordo com conversas interceptadas pela PF com autorização judicial. Seriam estas as mesmas conversas que indicam a participação de Fernando Sarney na formação do "consórcio paralelo" da Norte-Sul.

Fernando Sarney respondeu por email ao jornal que não irá falar sobre as acusações de fraude na ferrovia Norte e Sul. Segundo a reportagem, ele alegou tratar-se de "vazamento criminoso de inquérito sigiloso". "Mais uma vez, assuntos requentados. Eu me pergunto a razão disso tudo", afirmou. A assessoria do presidente do Senado, José Sarney, informou que ele também não irá se manifestar. O jornal também não obteve respostas da Constran, das construtoras envolvidas e da Valec.

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