• Carregando...
Policiais militares e civis ligados às milícias são acusados de assassinar moradores de favela. No detalhe acima, um dos mortos | Jadson Marques/Ag. O Dia
Policiais militares e civis ligados às milícias são acusados de assassinar moradores de favela. No detalhe acima, um dos mortos| Foto: Jadson Marques/Ag. O Dia

Três policiais militares, dois policiais civis e um bombeiro estavam entre os 17 homens que assassinaram sete moradores da Favela do Barbante, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. A ação, segundo o delegado Marcus Neves, foi comandada por Luciano Guinâncio, filho do vereador Jerominho Guimarães (PMDB), que está preso sob a acusação de comandar milícias na região. Dez dos 17 acusados já foram identificados e tiveram a prisão pedida ontem à Justiça.

"Luciano participou efetivamente do atentado, como mandante e executor. Mandou executar algumas pessoas e executou pessoalmente outras", afirmou Neves, titular da 35ª Delegacia de Polícia (Campo Grande). A polícia ocupou a favela ontem e parte do comércio ficou fechado. Três das vítimas foram enterradas ontem à tarde.

Para o delegado, a intenção da milícia era se passar por traficantes – eles usaram toucas ninjas para esconder o rosto. "Esse atentado teve o objetivo de criar a idéia na comunidade de que a presença dos milicianos era imprescindível. E alguns candidatos ligados aos milicianos deveriam ser prestigiados (eleitos), para que a milícia permanecesse na comunidade", afirmou Neves. "Trabalho com a possibilidade de a filha de Jerominho, a candidata a vereadora Carminha Jerominho (PTdo B), ser uma dessas referências."

O secretário de Segurança do Estado do Rio, José Mariano Beltrame, classificou a ação de "medida desesperada e inconseqüente". "Eles agiram no sentido de demonstrar força e persuadir a população de que a milícia, em tese, não deixaria o tráfico entrar. É mais uma maneira (de agir) estúpida, violenta e burra desse grupo", afirmou Beltrame

A prisão dos acusados de serem os principais líderes da milícia – além de Jerominho, também está preso seu irmão, o deputado Natalino Guimarães (ex-DEM) – fez com que o poder dos milicianos na região ficasse enfraquecido. De acordo com Neves, a milícia perdeu o comando sobre parte da Favela da Carobinha, tomada por traficantes, mas ainda se mantém na Vila Carioca e no Barbante. "A atividade econômica corresponde a 10%, 20% de seis meses atrás e ainda tem algum poder armado", afirmou.

Beltrame compareceu ontem à CPI das Milícias, na Assembléia Legislativa, e apresentou dados que apontam para a redução da violência após iniciado o combate às milícias na zona oeste. Segundo ele, os homicídios caíram 51% e encontros de cadáver (quando a vítima é morta em um lugar e o corpo abandonado em outro ponto) tiveram redução de 38%.

"Acabou essa história de a milícia ser tratada como um mal menor. Ficou muito claro no depoimento do secretário de que o entendimento da secretaria é de que é a milícia é a maior ameaça que se coloca contra a sociedade e o poder público no Rio de Janeiro", afirmou o presidente da CPI, deputado Marcelo Freixo (PSol).

Perseguição política

A candidata Carminha Jerominho afirmou que sua família está sendo vítima de "perseguição política’’, e que nenhum parente participa de milícia. Ela acusou o delegado Marcus Neves de entregar armas a rivais da "Liga da Justiça’’ – quadrilha comandada, segundo a polícia, por Natalino Guimarães e seu irmão, Jerônimo Guimarães, pai de Carminha.

Ela negou ter participado da mortes das sete pessoas na favela do Barbante. "Como eu vou mandar matar pessoas dentro de uma região e ganhar votos lá?’’

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]