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Com base nas investigações feitas pela polícia, os três filhos do coronel Ubiratan Guimarães - Diogo, Fabrício e Rodrigo - suspeitam que a advogada e namorada Carla Cepollina seja a autora do disparo que matou o pai. Eles contam que ela sabia que já tinha perdido terreno para outra mulher, referindo-se à delegada da PF de Belém do Pará, Renata Madi.

O psicólogo Rodrigo Guimarães, de 31 anos, filho mais velho do coronel Ubiratan Guimarães, diz que está "precisando parar para sofrer". Há uma semana, a exemplo dos outros dois irmãos - o engenheiro agrônomo Fabrício, de 28 anos, e o publicitário Diogo, de 29 anos -, Rodrigo aguarda ansiosamente pelo desfecho das investigações sobre o assassinato do pai, morto com um tiro na barriga, em seu próprio apartamento, em São Paulo.

Em entrevista exclusiva ao Diário, em um hotel no centro da capital, os três falaram da relação fraternal que mantinham com o coronel e do drama que a família está vivendo após sua morte.

Diário de S. Paulo: Quem foi o coronel Ubiratan Guimarães?

Diogo Guimarães: Queria começar a falar dele como policial militar. Não porque a gente é filho coruja. Provavelmente ele tenha sido o melhor policial militar que a história da polícia já teve. Todas as promoções que ele teve na vida foram por merecimento. Ele nunca foi promovido por tempo de serviço, uma coisa comum dentro da polícia. Todas as promoções que ele recebeu foram por mérito. Tanto que ele foi o coronel mais jovem da história da Polícia Militar. Era uma pessoa extremamente preparada para os cargos que ocupou. Tinha cursos em Israel de anti-terrorismo, na França e outros países. A vida dele foi conturbada, justamente por ele não ser uma pessoa que se curvava às coisas que ele não concordava. Ele sempre batia de frente. Sempre assumia a palavra dele. Era uma pessoa de personalidade e que chegou a romper com um monte de gente. Era uma pessoa polêmica. Esse tipo de gente tem muitos amigos e também muitos inimigos. Não tem meio termo. Não tem gente que falava: "O coronel não fede e nem cheira". Ou a pessoa o idolatrava ou então tinha ódio.

Para um militar, ele era homem conservador?

Fabrício: De jeito nenhum. Isso é uma coisa que a gente faz questão de dizer. Ele jamais falou um 'a', ou qualquer outra coisa de nossas namoradas. Ele, por mais que tivesse alguma coisa contra, fazia questão de ser carinhoso. Chamava todas as nossas namoradas de minhas meninas. Elas são perdidamente apaixonadas por ele. Acham ele o máximo, o pai perfeito. Sempre fez questão de não interferir. Em contrapartida, a gente também sempre fazia questão de manter o mesmo comportamento com as namoradas dele. Como era viúvo e não tinha compromisso com ninguém, a gente nunca fez um comentário negativo das namoradas dele.

Como tem sido os últimos dias para vocês?

Rodrigo: A gente não parou ainda e a ficha não caiu. A imprensa está em cima e estou me sentindo massacrado. É uma sensação muito dúbia e muito confusa. Estou precisando parar para sofrer. Temos ainda que resolver a questão financeira, dívida de campanha e ainda temos os depoimentos. A sensação que a gente tem é que a dor não é respeitada. Me sinto sozinho.

Diogo: E por cima, ele morreu da forma mais bruta e covarde. A gente sabia, vivia em nosso inconsciente, o fato da facção criminosa que atua em São Paulo. Ele era o inimigo número 1 dessa facção. A gente convivia com esse medo de ele ser pego, de ser torturado, cortarem a cabeça dele e depois mostrar para a imprensa. Por mais que a gente não falasse isso, é uma coisa que sentíamos. Daí, a gente vê: ele morreu de toalha, no apartamento dele e com um tiro na barriga. Um cara forte daquele jeito morto de toalha e tomando a bebidinha dele. Revoltante. Um cara que não tinha medo. Nós sabíamos que se ele pudesse escolher a sua morte, preferia morrer trocando tiro com bandido.

Qual era a relação de vocês com a advogada Carla Cepollina?

Éramos obrigados a ter uma relação com ela porque respeitávamos muito o nosso pai. Durante um bom tempo, ele gostou dela. Ele estava envolvido. Mas depois, não cabia mais nada, a não ser respeitar. Só que ela era uma pessoa extremamente sufocante. Ela não tinha uma vida profissional. É formada em Direito, mas não trabalhava. Ela é desequilibrada e não era uma pessoa feliz. Ela fazia tanto para agradar meu pai, que acabava depois sufocando-o. Às vezes, ela sabia que ele estava em algum lugar e parecia lá, sem convite. Fazemos questão de frisar que eles, na verdade, eram ex-namorados. Já estavam separados há sete ou oito meses em função de uma divergência de interesses. Ela queria casar e ter filhos. Está com 40 anos, a idade de ter filhos está no limite, então queria porque queria ter filhos. Mas ele era categórico e dizia que não queria ter mais filhos. Dizia que não iria morar com ela, gostava da liberdade dele. Ele falava para a Carla: "Você que é jovem e bonita, vai ter filhos com outros". Daí, eles terminaram oficialmente. Mas sabíamos que tiveram idas e vindas, mas nunca mais como namorados. Ela se colocou numa posição que queria estar por perto dele, de não perder o vínculo. Então, ela se sujeitava nessa posição, mesmo não sendo namorados. Posso dizer que eles tinham um rolo, mas não eram mais namorados. Como ele tinha rolo com outras mulheres também. Ele era namorador.

Vocês sabem dizer quantas namoradas o coronel tinha antes de morrer?

Fabrício: É difícil dizer. A gente sabe que ele tinha muitas. Na verdade, ele estava namorando mais a delegada do Belém, do Pará (Renata Madi). Ele tinha até aprendido a mandar torpedo. Ele se mostrava todo feliz e dizia: ela vai vir para cá nesse final de semana.

Rodrigo: ele estava mais feliz com a delegada.

A Carla vem sendo apontada como a principal suspeita pela morte do coronel. Vocês acreditam nessa tese?

Fabrício: Acreditamos. Todas as provas até agora estão levando a ela. Somente a uma pessoa. Mas só vamos ter uma certeza na hora que as provas forem concretizadas.

Diogo: A coisa que me faz acreditar que a polícia está acreditando nesta possibilidade é o fato de ele estar de toalha na casa dele quando foi encontrado morto. Com certeza, é uma pessoa próxima do convívio dele. A mãe dela está jogando um monte de coisa no ventilador. Está acusando amigos do meu pai, de mais de 40 anos de convivência. Isso não existe.

Quais as razões que teriam motivado a Carla a matar o coronel?

Diogo: É a sensação de que ela estaria perdendo o homem que tinha. Eles já não namoravam mais. Na verdade, achamos que ela chegou à conclusão de que estava fora do jogo. Acho que numa posição de não namorada. A partir do momento que ele começou a sair com a Renatinha (delegada Renata Madi), ela começou a perceber que tinha perdido terreno. A Renatinha bonita e nova, enquanto ela já não é tão jovem assim.

Rodrigo: Se realmente foi a Carla, acreditamos que foi por causa de uma crise de ciúme, em razão do namoro com a Renata.

Qual a avaliação que vocês fazem do trabalho da polícia até agora?

Fabrício: A polícia está querendo recolher todas as provas. Quer ter 100% de certeza para não errar. Para quando o promotor pedir a prisão preventiva dela, que não seja negada. Para ter a certeza de que esteja fazendo um trabalho perfeito. Para não cometer nenhum erro.

Na entrevista que a advogada Liliana Prinzivalli, mãe da Carla, deu na última quinta-feira, ela diz que a filha trabalhava na Assembléia Legislativa para fazer caixa 2 para campanha de seu pai. O que vocês têm a dizer sobre essa acusação?

Fabrício: Se isso fosse verdade, você não acha que eles estariam fazendo isso há pelo menos seis meses? Ela só foi contratada há pouco mais de duas semanas.

Diogo: É uma burrice a mulher levantar uma história dessa. O que iriam fazer com 15 dias de salário em uma campanha?

Então, por que só agora o seu pai nomeou a Carla como assessora na Assembléia?

Diogo: Eu sei. De um tempo para cá, ela estava se empenhando mais. Como ela não era mais vista como namorada de meu pai, ela estava se cercando para ficar mais próxima dele. A mãe dela chegou a dizer, o que dá raiva na gente, é que a Carla chegou a largar a profissão de advogada para trabalhar no comitê. Isso é ridículo. Há dois anos que a conhecemos, a gente nunca viu ela trabalhando. Seria até interessante a gente levantar alguma causa que ela defendeu. A gente nunca viu. Eu realmente, de uns dias para cá, ligava para o comitê e ela realmente estava indo lá. O que me espanta é que ela não sabia que era crime essa história de nomeação fantasma. Que advogada é essa, que não sabia que funcionária fantasma era crime? Qualquer um saberia isso. Fica claro que eles estão tentando criar uma cortina de fumaça. Já até inventaram que sumiram R$ 500 mil de caixa dois. Ficamos magoados porque o meu pai era um cara correto. Outro dia me disseram que meu pai era o mais pobre dos deputados estaduais. Saiu uma lista e meu pai era o último da lista. Meu pai não tinha dinheiro.

Quando a Carla esteve no velório vocês já suspeitavam que ela seria a autora do crime?

Diogo: Quando ela chegou, nós três estávamos com as nossas namoradas. Até tivemos que segurar esse aqui (aponta para o irmão Fabrício) porque ele é bravo. Pelo o que sabemos, ela apareceu lá e nem chegou a olhar para o caixão.

Rodrigo: A mãe dela chegou a brigar com minha avó. Uma senhora de 89 anos. Não tiveram nem bom senso de respeitar a dor de minha avó.

Fabrício: São duas desequilibradas.

Vocês estão confiantes que até o fim desta semana o assassino do coronel esteja na cadeia?

Fabrício: Sem dúvida, a verdade toda irá aparecer. Estamos acreditando que o autor seja desmascarado.

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