
A filiação da ex-senadora Marina Silva ao PSB, no último dia 5, gerou um "racha temporário" na Rede Sustentabilidade no Paraná. A orientação nacional é para os militantes da Rede se filiarem ao PSB, com o compromisso de voltarem à legenda inicial depois da eleição de 2014, já que a sigla de Marina não conseguiu reunir o número de assinaturas necessárias para a criação de um partido. No Paraná, porém, muitos apoiadores da ex-senadora estão migrando para o PV, PSol ou para o recém-criado Solidariedade.
A principal restrição ao PSB é o apoio ao governador Beto Richa (PSDB). Visto como um partido com perfil "conservador" no estado, o PSB tem o ex-prefeito de Curitiba Luciano Ducci como principal expoente no estado. Também já foi a sigla de Jaime Lerner, fez parte da base de apoio ao ex-prefeito Cassio Taniguchi e apoiou a eleição de Richa em 2010. Já a Rede é formada por militantes de esquerda, egressos de partidos como PT, PV e PSol.
"Cinco ou seis pessoas [da Rede] vieram para o PSB, algumas no interior", disse ontem o presidente estadual do partido, Severino Araújo. "Alguns já estavam no PV e outros já tinham passado pelo PSol, como a ex-deputada Clair [da Flora Martins]. Era o pessoal deles, que já estava acomodado lá." A maioria dos apoiadores da Rede, porém, não migrou a nenhuma legenda.
Acordo
Eduardo Reiner, coordenador estadual da Rede, assinou ficha de filiação no PV. Segundo ele, foi firmado um acordo para que o partido não cobre na Justiça os mandatos de quem for eleito em 2014 e queira migrar para a Rede. Um acordo semelhante foi firmado entre Marina e o presidente nacional do PSB, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. "Alguns não se sentiram confortáveis em ir para o PSB por causa dessa aliança com o Beto Richa", afirmou Reiner. "O PSB aqui nunca teve uma postura ligada à sustentabilidade." Segundo ele, 12 militantes da Rede seguiram para o PV.
De acordo com o presidente da Câmara Municipal de Curitiba, Paulo Salamuni, a tendência do PV é lançar candidato próprio ao governo do estado, mas uma aliança com algum candidato da oposição não está descartada o que colocaria em campos opostos os apoiadores de Marina no Paraná. "Ninguém nos exigiu nada, mas em um primeiro momento respeitamos o casamento que temos em Curitiba [com PT e PDT]", disse.
Alfredo Parodi, coordenador da Rede em Curitiba, se filiou ao PSB, mas disse entender a opção de quem seguiu para o PV. "Todos os membros da Rede foram liberados para se filiarem no partido que quiserem. O único estado com aliança entre a Rede e o PV foi o Paraná, por causa do histórico do relacionamento da Marina com o partido", disse.



