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Severino Araújo, presidente do PSB no Paraná | Arquivo/ Gazeta do Povo
Severino Araújo, presidente do PSB no Paraná| Foto: Arquivo/ Gazeta do Povo

Farpas

Marina e Dilma sobem o tom da campanha

Folhapress

A presidente Dilma Rousseff e a ex-senadora Marina Silva subiram o tom da campanha ontem e trocaram farpas durante todo o dia. Marina rebateu a afirmação da presidente Dilma que, ontem, "aconselhou" seus eventuais adversários a "estudar muito".

"Ela deu um conselho de professora", disse Marina em entrevista no Recife.

Mais cedo, em entrevista a rádios de Itajubá, em Minas Gerais, Dilma disse que "para as pessoas que querem concorrer ao cargo [Presidência da República], elas têm de se preparar, estudar muito, ver quais são os problemas do Brasil e apresentar propostas. Eu passo o dia inteiro fazendo o quê? Governando".

Marina rebateu: "Eu acho que ela dá um conselho muito bom porque aprender é sempre uma coisa muito boa. Difícil são aqueles que acham que já não têm mais o que aprender e só conseguem ensinar".

Horas antes da declaração, Marina já havia criticado Dilma ao dizer que o "retrocesso" é a marca do governo da presidente. Em sua primeira agenda pública no Recife após se aliar ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), Marina citou ainda conquistas econômicas das gestões de Fernando Henrique Cardoso (PSDB, 1995-2002) e avanços sociais obtidos sob os governos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT, 2003-2010).

Para a ex-senadora, o modelo de governança da presidente Dilma "chegou ao limite". "Já chegamos a 40 ministérios e, para manter a base [aliada], mais ministérios têm sido criados, e isso é insustentável", afirmou.

Casamento

Líderes do PSB avaliaram com ponderação as restrições impostas pela Rede Sustentabilidade a possíveis alianças à candidatura de Eduardo Campos à Presidência. Para aliados de Campos, PSB e Rede estão em fase "de se conhecer melhor" e "acostumar a conviver" juntos, exatamente como num casamento. Os apoiadores de Campos sabem que a coligação "elimina" de imediato a aproximação de alguns partidos que estavam no radar, como DEM e PP.

A filiação da ex-senadora Marina Silva ao PSB, no último dia 5, gerou um "racha temporário" na Rede Sustentabilidade no Paraná. A orientação nacional é para os militantes da Rede se filiarem ao PSB, com o compromisso de voltarem à legenda inicial depois da eleição de 2014, já que a sigla de Marina não conseguiu reunir o número de assinaturas necessárias para a criação de um partido. No Paraná, porém, muitos apoiadores da ex-senadora estão migrando para o PV, PSol ou para o recém-criado Solidariedade.

A principal restrição ao PSB é o apoio ao governador Beto Richa (PSDB). Visto como um partido com perfil "conservador" no estado, o PSB tem o ex-prefeito de Curitiba Luciano Ducci como principal expoente no estado. Também já foi a sigla de Jaime Lerner, fez parte da base de apoio ao ex-prefeito Cassio Taniguchi e apoiou a eleição de Richa em 2010. Já a Rede é formada por militantes de esquerda, egressos de partidos como PT, PV e PSol.

"Cinco ou seis pessoas [da Rede] vieram para o PSB, algumas no interior", disse ontem o presidente estadual do partido, Severino Araújo. "Alguns já estavam no PV e outros já tinham passado pelo PSol, como a ex-deputada Clair [da Flora Martins]. Era o pessoal deles, que já estava acomodado lá." A maioria dos apoiadores da Rede, porém, não migrou a nenhuma legenda.

Acordo

Eduardo Reiner, coordenador estadual da Rede, assinou ficha de filiação no PV. Segundo ele, foi firmado um acordo para que o partido não cobre na Justiça os mandatos de quem for eleito em 2014 e queira migrar para a Rede. Um acordo semelhante foi firmado entre Marina e o presidente nacional do PSB, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. "Alguns não se sentiram confortáveis em ir para o PSB por causa dessa aliança com o Beto Richa", afirmou Reiner. "O PSB aqui nunca teve uma postura ligada à sustentabilidade." Segundo ele, 12 militantes da Rede seguiram para o PV.

De acordo com o presidente da Câmara Municipal de Curitiba, Paulo Salamuni, a tendência do PV é lançar candidato próprio ao governo do estado, mas uma aliança com algum candidato da oposição não está descartada – o que colocaria em campos opostos os apoiadores de Marina no Paraná. "Ninguém nos exigiu nada, mas em um primeiro momento respeitamos o casamento que temos em Curitiba [com PT e PDT]", disse.

Alfredo Parodi, coordenador da Rede em Curitiba, se filiou ao PSB, mas disse entender a opção de quem seguiu para o PV. "Todos os membros da Rede foram liberados para se filiarem no partido que quiserem. O único estado com aliança entre a Rede e o PV foi o Paraná, por causa do histórico do relacionamento da Marina com o partido", disse.

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