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Salamuni: presidente da Câmara nega acordo com sindicato | Antônio More / Gazeta do Povo
Salamuni: presidente da Câmara nega acordo com sindicato| Foto: Antônio More / Gazeta do Povo

Judiciário

Decisão do STF beneficia servidores e vereadores

Uma decisão do ano passado do Supremo Tribunal Federal (STF) beneficia os servidores da Câmara de Curitiba na busca do ressarcimento pela dívida da Unidade Real de Valor (URV). Em setembro, o tribunal entendeu que os servidores têm direito a ter seus salários compensados. O caso em questão se referia a um servidor do Rio Grande do Norte. Mas, por se tratar de um recurso extraordinário, a regra se aplica a outras 10 mil ações que tramitavam no tribunal.

Contratada pelo sindicato, a advogada Ana Amélia Piuco explica que, durante a criação da URV, servidores e vereadores tiveram redução salarial de 19,6%. Parte disso, 11,98%, ocorreu por uma diferença entre a data da conversão, estabelecida pelo governo federal, e a data do pagamento dos servidores. Na época, o país convivia com a hiperinflação: apenas na primeira semana de vigência da URV, a inflação foi de 6,8%. Logo, semanas de diferença acarretavam perdas significativas.

Além disso, os critérios usados pela prefeitura de Curitiba para converter os salários dos servidores acarretaram suposta perda salarial de 7,62% entre fevereiro e março.

Um equívoco na execução do Plano Real pode custar mais de R$ 100 milhões aos cofres públicos do Legislativo de Curitiba. Servidores da Câmara cobram da atual Mesa Executiva da Casa o pagamento de uma defasagem salarial ocorrida durante a criação da Unidade Real de Valor (URV), ocorrida em março de 1994. Nos cálculos do Sindicato dos Servidores da Câmara (Sindicâmara), essa defasagem é de 19,6%. Eles pleiteiam reajuste salarial e o pagamento de vencimentos atrasados. Caso não haja acordo, o sindicato pretende ir à Justiça.

Segundo a presidente do Sindicâmara, Magali Antunes, cerca de 350 servidores, vereadores e ex-vereadores devem entrar com uma ação reivindicando na Justiça a correção dos salários e pagamento de valores atrasados referentes aos últimos cinco anos. Ela afirma que, no total, o passivo devido pela Câmara nos últimos vinte anos passa dos R$ 400 milhões. Entretanto, parte da suposta dívida já estaria prescrita. Uma perícia está sendo realizada para determinar o valor exato. Magali estima que o total passe dos R$ 100 milhões.

Já o impacto para o futuro, caso o reajuste seja concedido, deve ser de cerca de R$ 17,6 milhões ao ano. Segundo dados do Portal da Transparência da Câmara, o gasto do Legislativo com funcionalismo em 2013 foi de R$ 90 milhões.

Segundo Magali, o sindicato iniciou conversas com a direção da Câmara em julho passado, buscando um acordo. Segundo ela, houve uma proposta, por parte dos servidores, de desconsiderar um dos índices usados para o cálculo da defasagem – o que deixaria o passivo em 11,98%. Entretanto, as conversas não avançaram.

Mesmo considerando o alto impacto financeiro nas contas da Câmara, Magali não considera o reajuste excessivo. "Não é um abuso, e sim a cobrança de valores que o município deixou de pagar", afirma.

Sem acordo

Presidente da Câmara de Curitiba, Paulo Salamuni (PV) diz que não pretende fazer acordo com o sindicato. De acordo com ele, não há segurança jurídica para acatar a reivindicação, já que uma decisão do Tribunal de Justiça deu ganho de causa à Câmara em ação semelhante em 2006 (ver ao lado). O vereador diz também que o impacto financeiro da medida seria incompatível com o orçamento do Legislativo. "Só pagarei se houver determinação da Justiça", afirma.

O vereador admite que há bastante pressão sobre o tema. Nos bastidores, comenta-se que outros vereadores usam o pagamento da URV como promessa de campanha para as eleições da Mesa Executiva, que ocorrerá no ano que vem.

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