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Após ter sido ouvido pela Justiça Federal nesta segunda-feira (15) em Salvador, o ex-presidente de Petrobras José Sérgio Gabrielli evitou comentar as denúncias do ex-diretor Paulo Roberto Costa sobre um suposto esquema de pagamento de propinas pela estatal. Em rápida conversa com a reportagem após a audiência, ele disse que falou somente sobre procedimentos internos de licitação da Petrobras em seu depoimento. "Expliquei como funcionam os processos de licitação da Petrobras. Somente isso", afirmou Gabrielli.

Gabrielli foi interrogado por videoconferência pelo juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal de Curitiba, como testemunha do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa num dos processos abertos após a Operação Lava Jato. Ele chegou pontualmente às 14h na 7º Vara da Justiça Federal em Salvador, cidade onde mora e atua como secretário de Planejamento do governo Jaques Wagner (PT). Foi ouvido durante cerca de 25 minutos.

Na saída, ao avistar a reportagem, foi irônico: "o que vocês vão distorcer hoje?" E evitou falar com detalhes sobre o teor do seu depoimento. Questionado sobre as denúncias de Paulo Roberto Costa, que admitiu intermediar contratos de empreiteiras com a Petrobras com a ajuda de partidos políticos, Gabrielli disse que não falaria sobre o assunto.

O ex-presidente da Petrobras Gabrielli voltou a negar a existência de superfaturamento e pagamento de propina nas obras de construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e também disse não ter ligações com o doleiro Alberto Youssef, réu na ação penal. Ele depôs como testemunha, chamado pela defesa de Youssef.

Assim como no depoimento prestado na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, Gabrielli reafirmou que não houve superfaturamento na obra. "Não tenho nenhum conhecimento concreto. As auditorias e os procedimentos internos da Petrobras não indicam nenhum comportamento desse tipo. Se há esse comportamento, não foi do meu conhecimento", declarou ao juiz. Gabrielli confirmou ao juiz Sérgio Moro, responsável pelo caso, que a construção da Refinaria Abreu e Lima estava vinculada à Diretoria de Abastecimento, que à época era comandada por Paulo Roberto Costa, suspeito de participar do suposto esquema de desvio de verbas da Petrobras.

O ex-presidente da empresa também relatou que somente os contratos acima de R$ 32 milhões precisavam de autorização do Conselho de Administração para serem executados. Valores abaixo da quantia ficavam sob a responsabilidade do diretor da área envolvida na operação.

Gabrielli disse não saber se houve alguma influência do ex-deputado José Janene, morto em 2010, na indicação de Paulo Roberto Costa para a Diretoria de Abastecimento. Segundo Gabrelli, cabe ao Conselho de Administração aprovar e demitir diretores. Janene foi réu na Ação Penal 470, o processo do mensalão, julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). "A decisão sobre a composição da diretoria é uma decisão que é tomada no âmbito do governo. O presidente da Petrobras é comunicado. As razões e motivações são problemas internos do governo. Paulo Roberto Costa era um técnico de carreira, com uma tradição na companhia, vinha da área de exploração e produção, não era da área de refino, foi apresentado pelo conselho e foi aprovado ", ressaltou.

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), os desvios na construção da refinaria pernambucana ocorreram por meio de contratos superfaturados, feitos com empresas que prestaram serviços à Petrobras entre 2009 e 2014. Segundo o MPF, a obra, inicialmente orçada em R$ 2,5 bilhões, custou mais de R$ 20 bilhões. A investigação indica que os desvios tiveram a participação de Paulo Roberto Costa, então diretor de Abastecimento, e de Alberto Youssef, dono de empresas de fachada.

Delação premiada

Gabrielli foi presidente da Petrobras entre 2005 e 2012, período em que o engenheiro Paulo Roberto Costa atuou na diretoria de Abastecimento da estatal. Preso no início deste ano na Operação Lava Jato da Polícia Federal, Paulo Roberto firmou um acordo de delação premiada com a Justiça.

De acordo com reportagens das revistas "Veja" e "IstoÉ", Costa afirmou em depoimentos que 3% do valor dos contratos da Petrobras era desviado para pagamento de propina a políticos. Citou nomes de deputados federais, senadores e até de um ministro do governo Dilma Rousseff (PT) como beneficiários do esquema de pagamento de propina.

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