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O ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (PMDB) adiantou, ontem, em Curitiba, o discurso que adotará se for novamente candidato a presidente da República. Criticando a política econômica de Lula e dizendo que PT e PSDB são partidos idênticos, Garotinho defendeu uma política nacionalista. Não poupou críticas ao PT, citando as denúncias de corrupção que envolvem o partido e foi enfático ao dizer que o presidente sabia das negociações financeiras com os partidos aliados e de todos os casos que estão sendo denunciados sobre a campanha de 2002.

Garotinho fez uma defesa de sua administração como governador (1999–2002) e como secretário da Segurança do Rio de Janeiro (2003–2004), dizendo que retomou o crescimento econômico do estado e controlou a situação caótica em que o Rio de Janeiro se encontrava, causada pela violência. Marido da governadora Rosinha Mateus (PMDB), atualmente ele é secretário de Governo e de Coordenação do Rio de Janeiro.

O secretário fluminense critica a política econômica adotada pelo governo federal dizendo que são criadas contribuições ao invés de impostos, deixando de compartilhar recursos com o estados. "O governo federal não constrói uma cela, contigencia recursos para defender o superávit primário e faz política partidária com recursos que são públicos", diz Garotinho. Ele acredita que o país perdeu a noção de nação. De nação emergente, é visto como mercado emergente o que, para ele, é uma visão equivocada. Citando Napoleão Bonaparte, Garotinho repetiu algumas vezes a frase "Para quem não sabe onde quer chegar, qualquer vento é contra".

Para o secretário, a vitalidade econômica do Brasil não pode ser medida por alguns indicadores utilizados pelo governo federal e sim pela sua capacidade de pagamento da dívida. "Pagamos R$ 1 trilhão de juros da dívida e não temos patrimônio", diz. Defende um Banco Central formado por regionais e composto por membros do setor produtivo.

Sempre lembrando os 15 milhões de votos que recebeu no primeiro turno das eleições de 2002, para presidente, Garotinho diz que não aceitou ser ministro de Lula, no início do governo, porque sentiu que o presidente iria manter a política econômica de Fernando Henrique Cardoso. "Não há diferença entre FHC e Lula. E na aplicação da política econômica, o PT foi mais ortodoxo do que o PSDB", disse Garotinho. E provoca: "A marca do PT é uma estrelinha com um bico tucano".

Garotinho defende um novo ordenamento fiscal, definindo o que cabe para municípios, estados e União. "Hoje todo mundo faz tudo: hospitais, escolas. Falta ao Brasil gestão e vontade de mudar. O presidente da República não teve coragem e manteve a lógica do mercado econômico". Para o secretário, o atual momento político é reflexo da política de alianças que o PT fez durante a campanha.

Garotinho fala que em toda a História do Brasil houve o Partido dos Patriotas, que defende o nacionalismo, e o Partido dos Traidores, que defende os interesses de fora. "Lula foi eleito pelo Partido dos Patriotas mas por despreparo ideológico – nunca teve ideologia – passou a governar com as idéias do Partido dos Traidores", diz.

Chama Zé Dirceu, José Genoíno e Sílvio Pereira de "abutres" da política e diz que os petistas esperançosos, como Eduardo Suplicy e Cristóvam Buarque estão desiludidos. "A direção do PT é podre e apodreceu o governo", diz Garotinho.

Apesar de considerar grave o momento político, não defende o impeachment do presidente. Acha que as contas de campanha de Lula devem ser abertas para esclarecer o financiamento. "Lula se mantém como um equilibrista para permanecer no governo. Procura esconder que tinha conhecimento desse esquema – que é impossível que não soubesse – e vai agora tentar se salvar para se manter no cargo. O impeachment teria que vir das ruas para o Congresso, o que não está acontecendo hoje. Por enquanto, embora as denúncias sejam impactantes, não vejo mobilização de rua suficiente para depor o presidente da República", diz.

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O governador Roberto Requião diz que ainda há muito tempo até a decisão de quem será o candidato do PMDB à Presidência da República e que abriu espaço para Garotinho apresentar suas propostas. Em alguns pontos concorda com Garotinho: "A política econômica brasileira é uma espécie de genérico da política do Fernando Henrique. É a mesma política com doses mais fortes", diz Requião. Mas em outros, discorda. "Quem tem que comandar o Banco Central é o governo. A proposta de Garotinho entrega para as classes produtoras o Banco Central. O BC tem que obedecer aos interesses do conjunto da população brasileira e não a grupos econômicos", disse.

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