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A gasolina ingressada de contrabando no Brasil também é o combustível que move boa parte do estado de Roraima. Vizinhos da Venezuela, quarto maior produtor de petróleo do mundo, os motorista chegam de várias cidades, até da capital Boa Vista, distante 215 quilômetros, atrás de gasolina a R$ 0,20 o litro em Santa Helena de Uairén, fronteira seca com Pacaraima. O preço, equivalente a 8% do valor médio no Brasil, atrofiou o comércio formal na região e abriu as portas do país para uma nova modalidade de tráfico. A gasolina venezuelana é comprada a R$ 0,20 e revendida por R$ 1,70 em Pacaraima, ou a R$ 2 em Boa Vista.

Os venezuelanos já se acostumaram a esse comércio. Santa Helena tem dois postos de combustível, um para carros de placa par e outro para os de placa ímpar. Em cada um há duas bombas de gasolina, uma para brasileiros e outra para venezuelanos. Os carros de lá pagam, em moeda local, 97 bolívares por um litro, ou R$ 0,09, enquanto os estrangeiros pagam R$ 0,20. Mas nem tudo é fácil. As filas chegam a quatro horas e, diante da procura, há um limite de 40 litros por carro. Até julho, quando o presidente Hugo Chávez substituiu a corrupta Guarda Nacional pelo Exército nas fronteiras do país, os brasileiros conseguiam burlar a cota por meio de suborno.

O contrabando não acabou, mas teve o ritmo reduzido diante da sisudez dos militares que controlam as bombas de combustível. Agora os contrabandistas demoram mais tempo para fazer o mesmo estoque de antes no lado brasileiro. No pátio da Receita Federal em Pacaraima há dezenas de carros apreendidos com tanques adaptados para o contrabando. Gasolina e óleo diesel são estocados em comunidades da reserva indígena São Marcos, até serem carregados por caminhões que os levam pela BR-174 para revenda nos postos de combustível de Boa Vista. Em junho de 2004, as polícias Federal e Rodoviária Federal prenderam oito índios que colaboravam com o tráfico.

O cônsul brasileiro em Santa Helena de Uairén, Rubens de Lima Jorge, considera um erro chamar esse negócio de contrabando. "Se o veículo não tem restrição para entrar na Venezuela, por que não pode usar sua gasolina?", questiona. Não há lei que proíba um brasileiro de abastecer em outro país. "O que existe é um processo irregular de comercialização de combustível, não contrabando", pondera. Para o cônsul, se há alguma infração nesse tipo de comércio, é contra a lei ambiental. A gasolina venezuelana tem chumbo em sua composição, ao contrário da brasileira.

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