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Em depoimento nesta terça-feira na CPI dos Sanguessugas, o advogado Gedimar Passos, acusado de envolvimento com a suposta compra de um dossiê contra políticos tucanos , afirmou que sua prisão há dois meses foi ilegal e reclamou de maus tratos enquanto esteve preso. Gedimar se negou a responder a perguntas sobre a origem do dinheiro. Pressionado por parlamentares, pediu para permanecer calado.

Membro da equipe de inteligência da campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gedimar foi preso em setembro em um hotel em São Paulo juntamente com Valdebran Padilha, de posse de cerca de R$ 1,7 milhão.

Gedimar admitiu ter se reunido com os empresários Luiz e Darci Vedoin, donos da Planam e acusados de chefiar a máfia das ambulâncias . De acordo com Gedimar, a reunião foi para tratar de documentos que "seriam de interesse da campanha nacional do PT".

A reunião teria acontecido entre o fim de agosto e o início de setembro. Gedimar disse que também participaram dos encontros - que teriam ocorrido em Cuiabá e Brasília - Expedito Veloso, ex-diretor do Banco do Brasil que integrava o comitê da campanha de reeleição de Lula, e o empresário Valdebran Padilha.

- Não fui [a essas reuniões] para comprar documentos; fui para analisá-los - afirmou Gedimar.

Ele disse que os Vedoin, no entanto, nunca apresentaram tais documentos, e que ele próprio teria dito a Jorge Lorenzetti, um dos coordenadores da campanha de reeleição de Lula, que "não havia nada de mais ali".

Maus-tratos

Durante seu depoimento, Gedimar afirmou que ficou 13 horas "em uma cela de castigo, com água até a canela".

- Fiquei lá de meia-noite até as 11h, meio-dia do dia seguite, com o corpo coberto de feridas.

Diante da declaração, os integrantes da CPI pediram detalhes sobre a prisão de Gedimar Passos e do ex-coordenador de Comunicação da campanha do senador Aloizio Mercadante (PT) ao governo paulista Hamilton Lacerda.

O advogado disse que não foi preso pela Polícia Federal, mas por um policial civil que colaborava com os federais - que chamou de "ganso" ou informante na linguagem policial. Esse policial faria segurança do hotel Ibis, onde estava hospedado em São Paulo, e invadiu seu quarto com uma pistola calibre 40 e identificação de policial civil. Somente após alguns minutos, explicou, chegou a equipe com cinco ou seis agentes da Polícia Federal.

Ao perguntar a um agente como a PF tinha chegado até ele, Gedimar disse ter percebido que a prisão havia sido fruto de grampo telefônico e não de uma escuta autorizada pela Justiça.

- O agente disse: 'sabe como é, tudo é grampo'. Aí eu disse: 'vocês fizeram a maior besteira, vocês grampearam a campanha do Lula, quero ver como vocês vão sair disso.

Quando foi transferido para Cuiabá, Gedimar disse que foi ''humilhado'' pela PF.

- Para me sacanear, os agentes da polícia me escoltaram pelo saguão principal do aeroporto, para me humilhar, em vez de me colocar direto na viatura.

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