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O sobrado simples no bairro do Butantã, onde vivem famílias de classe média, em São Paulo, permaneceu apenas com as luzes do fundo acesas do fim da tarde até o início da noite desta terça-feira (9). Apenas um carro ocupava as duas vagas da garagem, fechada por portões de ferro. Ali, há anos, mora o ex-presidente do PT, José Genoino, condenado no julgamento do mensalão, por seis votos a um, pelo crime de corrupção ativa. O petista não atendeu pedido de entrevista.

Requisitando a jornalistas para deixar a rua, Rioco Kayano, mulher dele, passou o dia recebendo telefonemas, como era possível escutar do lado de fora. À distância, ela parecia falar com pessoas que prestavam solidariedade ao líder do partido. Com o mesmo volume de voz com que tentou expulsar o jornalista e o fotógrafo, Rioco atendia ao telefone procurando mostrar tranquilidade, enquanto ministro do STF decidiam o destino do ex-guerrilheiro.

"Tudo bem, ele está tranquilo. Na verdade, ele já esperava isso", repetia ela aos interlocutores. A mulher do petista, ainda exaltada, exigiu que não fossem feitas fotos na rua, assim como ameaçou a equipe dizendo que chamaria a polícia, o que não foi feito. Uma mulher também apareceu entre as cortinas da sala, protegida pela meia-luz produzida apenas pela iluminação pública. Perguntou até que horas a equipe pretendia permanecer no bairro. E fez um apelo: " Por favor, deixem a gente em paz."

Genoino não atendeu aos pedidos de entrevista. Segundo a mulher dele, o petista não tinha "interesse algum" em falar com a imprensa. No domingo, ao votar num colégio bairro na eleição do primeiro turno, ficou nervoso com os jornalistas. Chamou os repórteres de urubus e disse que a imprensa faz hoje o mesmo que sofreu na ditadura, "mas com a caneta".

O envolvimento de Genoino com o mensalão se deu por conta dos empréstimos que ele autorizou, segundo os ministros, "conscientemente" como avalista. No valor de R$ 3 milhões, esses recursos foram, ainda de acordo com o STF, simulados junto ao Banco Rural para justificar a origem do dinheiro movimentado pelo chamado valerioduto.

A Agência O Globo tentou conversar nesta terça-feira, em São Paulo, com o advogado de Genoino, o criminalista Luiz Pacheco, que não retornou aos recados deixados em escritório e no celular.

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