O governador de Sergipe, Marcelo Déda (PT), disse nesta sexta-feira, depois de se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o PT não está brigando pelos cargos ocupados por aliados, mas manifestou que seu partido tem o direito de reivindicar espaços no governo.
- É preciso não confundir a discussão que o partido está fazendo com o governo com o conflito com os aliados. O PT não está pedindo espaço de ninguém. O PT está procurando estabelecer seu espaço. E essa discussão não é ruim. O partido não pode se furtar de apresentar propostas e nomes. O que não se pode fazer é estabelecer situações em que se diga que o partido exige, que o partido não aceita. Esta linguagem de exigir ou não aceitar não pode freqüentar um diálogo respeitoso entre o partido e o presidente da República - declarou.
O PT decidiu encaminhar ao presidente Lula uma lista de nomes do partido, encabeçada pela ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy, como sugestões para a reforma ministerial . Outros petistas cotados seriam o deputado federal Walter Pinheiro (BA) para o Desenvolvimento Agrário; José Fritsch para retornar à Secretaria Especial da Pesca; a ex-deputada Lucy Choinacki (SC), para a pasta das Mulheres; e os ex-deputados Luiz eduardo Greenhalgh e Renato Simões para a Secretaria de Direitos Humanos.
O PT tem manifestado interesse em ocupar algumas pastas que estão nas mãos de outros partidos, como Saúde (PMDB), Comunicações (PMDB) e, sobretudo, Cidades (PP). Nesta semana, o líder do PP na Câmara, Mário Negromonte (BA), disse, após audiência com Lula, que o presidente havia lhe garantido que seu partido continuará com o Ministério das Cidades, jogando um balde de água fria nas pretensões petistas de emplacar Marta Suplicy na área. ( Leia no Blog do Noblat: "Onde colocar Marta?" ) O governador de Sergipe deu a entender que seu partido continuará brigando para ocupar essa pasta.
- O PT tem quadros que poderiam desempenhar com muita competência a tarefa de ministro das Cidades. Um quadro como Marta Suplicy é preparado para uma hipótese como essa. O PT tem também uma tradição na área social. O partido tem direito de dizer em que setores ele pode dar sua contribuiçao ao governo do mesmo modo que o presidente tem o direito de dizer ao PT qual é o limite de sua participação e da necessidade de incorporar o partido. É um processo que está nas mãos do presidente. Os partidos podem propor, mas a decisão final é do presidente.
Déda observou, porém, que "é muito cedo" para antecipar uma discussão sobre o sucessor de Lula. Petistas avaliam que, ao assumir um ministério numa área social, Marta poderia se viabilizar como nome do PT para se candidatar à Presidência em 2010.
- Seria uma precipitação e um desserviço ao governo Lula qualquer antecipação de candidatura. O nome da Marta está presente porque é um dos maiores quadros do partido. É legítimo que o nome de Marta seja lembrado no momento de composição de ministério, mas isso não pode ser confundido com qualquer antecipação de candidatura. É muito cedo. Apressado come cru ou não come.
PTB reivindica também o Ministério da Agricultura
Lula tem recebido pressão também dos aliados. Sem alarde, o vice-presidente do PTB, Flávio Martinez, esteve no Palácio do Planalto nesta semana e entregou ao ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, o abaixo-assinado da bancada petebista pedindo a nomeação de Nelson Marquezelli , líder ruralista, para a Agricultura.
A dificuldade do PTB para emplacar seu pleito, além do nome de Marquezelli - naturalmente vinculado às causas dos grandes agricultores -, é a divisão do partido. Embora a bancada tenha reiterado apoio ao governo, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, faz oposição ao Planalto, desde que denunciou o mensalão. Lula, que resiste ao nome de Marquezelli, pode usar o Ministério da Agricultura - atualmente ocupado por Luís Carlos Guedes Pinto, técnico vinculado ao PT - para atender a demandas dos aliados.
- Estive com o ministro Tarso Genro e conversamos sobre a vontade do PTB de participar do ministério. Cada partido está conversando para saber o seu espaço. Mostramos oficialmente a vontade da bancada do PTB na Câmara e no Senado de indicar o deputado Marquezelli para o Ministério da Agricultura - afirmou Martinez.
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