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“Nesses dias de provação que passei (...), o que sempre vinha ao meu espírito era a fé e a confiança em Deus e a certeza de provar a minha inocência", Pedro Paulo Dias (PP), governador do Amapá, que foi preso pela Polícia Federal sob suspeita de corrupção | Erich Macias / A Gazeta (Amapá) AE
“Nesses dias de provação que passei (...), o que sempre vinha ao meu espírito era a fé e a confiança em Deus e a certeza de provar a minha inocência", Pedro Paulo Dias (PP), governador do Amapá, que foi preso pela Polícia Federal sob suspeita de corrupção| Foto: Erich Macias / A Gazeta (Amapá) AE

Macapá - Em seu primeiro pronunciamento desde que reassumiu o cargo de governador do Amapá, Pedro Paulo Dias (PP) chorou ontem ao lembrar dos nove dias em que ficou preso na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília. Disse ser inocente e sugeriu que foi vítima de armação. Dias concorre à reeleição.

"Povo do Amapá, nesses dias de provação que passei, nas minhas reflexões de cada dia, o que sempre vinha ao meu espírito era a fé e a confiança em Deus e a certeza de provar a minha inocência’’, afirmou o governador, em discurso em Macapá. Ele discursou no palácio do governo para uma plateia formada por assessores e servidores estaduais, que o aplaudiram. "Por que tudo isso, por que tudo isso?’’ Em alguns momentos, foi interrompido pelos funcionários, que gritavam, elogiando-o.

Dias foi um dos alvos da Operação Mãos Limpas, feita pela PF no último dia 10. Ele e outras 17 pessoas foram presas, dentre eles seu antecessor no cargo e candidato ao Senado, Waldez Góes (PDT). Os dois são suspeitos de envolvimento no desvio de recursos de seis órgãos estaduais, com prejuízo estimado em R$ 300 milhões aos cofres públicos.

"A quem interessou esse tumulto, toda essa confusão?’’, questionou o governador. "Pergunte ao seu vizinho, consulte seu amigo. Tenho certeza de que – quando você perguntar para você mesmo e para as pessoas à sua volta – saberá a resposta correta.’’

Ele não citou nomes. Mas, desde o início do escândalo, cabos eleitorais dos presos atribuem a operação ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). O objetivo do senador, afirmam, seria ajudar a campanha ao governo de Lucas Barreto (PTB), aliado político de Sarney no Amapá. Sarney nega participação em qualquer irregularidade. A Polícia Federal diz não agir por interesses políticos.

O choro do governador, rápido, veio quando ele falou da família e do dia em que ocorreu a operação. "O que eu passei não desejo para ninguém’’, afirmou. "Você ser acordado às 6 horas da manhã, contra você um mandado de prisão, ter sua casa vasculhada, diante de seus filhos. Ter sua vida pessoal devassada, diante da sua família’’, reclamou. Era uma referência indireta à exposição pública de um caso amoroso que ele, casado, mantinha com uma assessora da Secretaria da Saúde, da qual havia sido titular. Livia Gato, além de amante, também o ajudava a operar as supostas fraudes, diz a PF em seu inquérito.

O discurso de Dias durou cerca de 20 minutos. Ao final, chegou à frente do palácio um grupo de cerca de 150 estudantes e integrantes de movimentos sociais. Eles passaram a chamá-lo de ladrão e a exigir que voltasse a ser preso. Houve discussão. Policiais militares tiveram de intervir para impedir que começasse uma briga.

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