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Mesmo faltando seis meses para o início da sucessão para o comando da Câmara e do Senado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu entrar em campo para tentar evitar o pior cenário no Congresso Nacional: uma crise de governabilidade nos últimos dois anos de seu mandato. De forma discreta, o Palácio do Planalto já começa a trabalhar por um acordo entre PT e PMDB para tornar viável a eleição do deputado Michel Temer (PMDB-SP) para presidência da Câmara e do petista Tião Viana (AC) para o comando do Senado.

O cuidado de Lula não é por acaso. Ele está determinado a assegurar a tranqüilidade na reta final do seu governo. No Planalto, há um temor de que a disputa entre os partidos nas duas Casas possa gerar seqüelas, inclusive, na aliança para a eleição presidencial de 2010. Além disso, o governo ainda está traumatizado com a divisão da base aliada em 2005, que acabou viabilizando a eleição do ex-deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), que renunciou ao mandato para não ser cassado após denúncias de corrupção.

Mas auxiliares diretos do presidente Lula reconhecem que esta não será uma tarefa fácil, até porque existe uma movimentação precoce pelo comando do Legislativo. Há uma constatação de que, na Câmara, a candidatura do deputado Ciro Nogueira (PP-PI) - um afilhado político de Severino Cavalcanti - já avançou bastante com forte adesão não só dos deputados do chamado baixo clero. Na oposição e até mesmo em alguns partidos da base governista, como o PCdoB.

Tanto, que recentemente, numa viagem que fez a Teresina, o presidente Lula chegou a conversar de forma reservada com Ciro Nogueira para saber sobre a disposição dele em ser candidato.

- O Michel Temer tem o apoio da cúpula, mas falta combinar com os russos. Ele está tentando resolver tudo fora da Câmara. Se eu vier a ser candidato, não vou sair da disputa. Uma coisa é ser um nome da cúpula partidária. Outra coisa é ser um candidato com o apoio da Casa. Um recuo passaria a imagem de que usei a disputa para negociar cargos no governo - afirma Ciro Nogueira.

O clima de disputa é tamanho que nos últimos dias o PMDB voltou a cobrar o acordo assinado em dezembro de 2006 que viabilizou a eleição do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) para a presidência da Câmara - em troca, o PT retribuiria em 2009 o apoio recebido na ocasião. Chinaglia confirma o compromisso.

- Existe um acordo feito com o PMDB. Eles me deram o apoio na minha eleição e agora o PT vai cumprir o compromisso com o PMDB - disse Chinaglia.

Mas não são poucos os obstáculos para efetivar o acordo. Dentro da própria bancada do PMDB, dois nomes ameaçam entrar na disputa contra Temer: os deputados Osmar Serraglio (PR) e Rita Camata (ES).

Já no Senado, parte do PMDB insiste em manter o comando da Casa. Como hoje não existe um nome natural no partido, peemedebistas começam a articular discretamente a candidatura do ministro das Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA).

- Uma coisa é certa: vamos ter um candidato. Não vamos abrir mão da presidência do Senado. Somos a maior bancada e temos o direito de manter o comando da Casa - avisou o líder do PMDB, senador Valdir Raupp (RO).

O Planalto descarta o comando duplo do PMDB na Câmara e no Senado, pois quebraria a tradicional harmonia do Congresso. A cúpula peemedebista também já percebeu a reação. Tanto que nas últimas semanas, o senador José Sarney (PMDB-AP) e sua filha, a líder do governo no Congresso, senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), iniciaram consultas na bancada sobre o tema.

Os dois já declararam apoio à candidatura do atual presidente do partido. Defendem, em troca, que o comando do PMDB passe, então, para um senador. Com isso, o PMDB poderia apoiar a candidatura de Tião Viana (PT).

- A única candidatura que está circulando até o momento no Senado é a de Tião Viana. Mas a sucessão no Congresso ainda está longe de um consenso. É preciso ter cuidado para evitar seqüelas - adverte o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN).

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