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Sindicalistas aplaudem ruralista e vaiam ex-presidente da CUT

O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), ex-presidente da União Democrática Ruralista (UDR), aclamado no plenário por sindicalistas? O ex-presidente da CUT deputado Vicente de Paula, o Vicentinho (PT-SP), sorrindo amarelo diante das vaias das galerias lotadas de manifestantes das centrais sindicais? Sim, isso aconteceu ontem no plenário da Câmara quando deputados da oposição se colocaram lado a lado com os trabalhadores por um mínimo de R$ 560 e os petistas amargaram a defesa impopular do salário mínimo de R$ 545.

A fala do eterno inimigo das esquerdas, Ronaldo Caiado, foi muito aplaudida pelas galerias. O mesmo paradoxo continuou em outros discursos na tribuna. Sindicalistas, em sua maioria da Força Sindical e de centrais menores, aplaudiam deputados do (DEM e PSDB, que defendiam valores maiores que R$ 545. E vaiavam parlamentares do PT.

Relator do projeto do governo,Vicentinho foi o mais vaiado pelos sindicalistas. Ao comentar as vaias recebidas, Vicentinho disse que o movimento sindical acabará aplaudindo a proposta do governo, já que em 2012, pelas atuais regras de reajuste, o mínimo valerá R$ 616. "A CUT não está lá [nas galerias]. Esse povo [das outras centrais] nunca me apoiou para nada", disse.

Representantes da CUT, estreitamente ligada ao PT, só apareceram nas galerias depois que Vicentinho havia discursado defendendo o mínimo de R$ 545. Era uma estratégia para não constranger o deputado e preservar a imagem da central – que poderia ficar arranhada por não censurar a proposta governista. Vicentinho afirmou que, em conversa com dirigentes da CUT, todos o concordaram que ele deveria aceitar o cargo de relator.

Mas Vicentinho ainda teve de enfrentar a ironia do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, que levou ao plenário uma moeda gigante de R$ 0,50 – valor diário que o cidadão que ganha o mínimo teria de adicional, em relação ao salário de R$ 545 proposto pelo governo, caso fosse aprovado valor defendido pelas centrais sindicais (R$ 560).

ACM Neto aplaudido

Ronaldo Caiado disse não ter se deslumbrado: "Essas coisas não mexem comigo, não me anestesiam. Não sou muito de me vangloriar e já provei dos dois lados". Foram igualmente aplaudidos pelos sindicalistas o líder do DEM, Antônio Carlos Magalhães Neto (BA), e o deputado Onix Lorenzoni (DEM-RS) – este, quando exibiu, da tribuna, uma foto antiga mostrando o ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, e outros petistas, fazendo um gesto com os dedos para dizer que o reajuste de R$ 15 ao mínimo dado em 2002, no governo Fernando Henrique, era muito pequeno.

Manifestação nas ruas

Antes de pressionarem os deputados na Câmara, representantes de 23 entidades de trabalhadores, a maioria do serviço público federal, promoveu uma manifestação na Esplanada dos Ministérios por um salário mínimo maior que R$ 545. O ato provocou longo congestionamento pela manhã e tumulto no início da tarde. Chamava a atenção um boneco da presidente no qual se lia "Dil-má", numa alusão à suposta maldade dela de propor um piso menor que o pedido pelos trabalhadores.

Das agências

piso, respectivamente, para R$ 600 e R$ 560. A emenda que aumentaria o mínimo para R$ 600, apresentada pelo PSDB, teve 376 votos contrários e 116 a favor. O destaque dos R$ 560, valor defendido pelas centrais sindicais e proposto oficialmente na Câmara pelo DEM, foi barrado por 361 votos governistas contra 120.

Rogério Galindo e Ricardo Medeiros analisam o resultado da votação. Confira o vídeo

As duas emendas foram votadas após a aprovação, em votação simbólica, do texto-base do projeto, que fixava o valor em R$ 545. Nenhum partido apresentou objeção a esse reajuste inicial, já que, se não fosse aprovado, o piso voltaria aos R$ 510 pagos até o ano passado. A estratégia da oposição, que não funcionou, era elevar o piso por meio das emendas.

A votação de ontem demonstrou a capacidade de Dilma em articular uma base heterogênea e de conter deputados dissidentes. A pressão do Planalto para conter os governistas que queriam votar por um aumento maior do que os R$ 545 funcionou ? principalmente no caso do PDT, partido que havia assinado, conjuntamente com o DEM, a emenda para aumentar o piso para R$ 560.

O governo ameaçou demitir o ministro do Trabalho, o pedetista Car­­­los Lupi, para demover os 27 deputados do partido da ideia do reajuste maior. O PDT, que tinha indicado que fecharia questão pela aprovação de um mínimo maior, no meio da tarde decidiu que a ban­­­cada estava liberada para votar como quissesse, inclusive a favor do governo. Depois, o partido retirou a assinatura da emenda que patrocinou conjuntamente com o DEM pelo reajuste de R$ 560.

Já na votação da emenda de R$ 600, 20 dos 27 deputados pedetistas votaram contra esse aumento maior do mínimo. Houve apenas dois votos favoráveis. O restante fo­­­ram abstenções (2) e deputados au­­­sentes (2). Na apreciação da emenda de R$ 560, 16 pedetistas foram contrários e apenas 9, favoráveis. Houve ainda uma abstenção e uma falta.

O resultado acabou sendo uma derrota pessoal do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT), presidente da Força Sindical e um dos maiores articuladores da proposta de elevação do mínimo acima de R$ 545.

Para a aprovação dos R$ 545 o Planalto ainda ameaçou deputados da base de todas as legendas a não verem liberados nenhum centavo de suas emendas parlamentares ao orçamento da União deste ano. Na semana passada, o governo anunciou o corte de R$ 18 bilhões dos R$ 21 bilhões de emendas previstos para 2011. Mas, ao não informar quais seriam os projetos com dinheiro bloqueado, a base ficou na dúvida se suas emendas estariam nos R$ 3 bilhões que sobraram. E o medo era de que aquele que votasse por um piso maior teria sua verba bloqueda na integralidade.

Política de valorização

Juntamente com o valor do novo piso, os deputados aprovaram ontem a política de valorização do salário mínimo até 2015. Nos próximos quatro anos, o salário mínimo será sempre reajustado com base na regra de aplicação da inflação mais o índice de crescimento da economia de dois anos antes. Por essa regra, o mínimo em 2012 deve ser de R$ 616. O novo valor e política de valorização do piso ainda terão de passar por votação no Senado, que deve ocorrer na próxima quarta-feira.

Desde 1.º de janeiro, o mínimo é de R$ 540 ? em 2010 era R$ 510. Os R$ 540 foram estipulados por medida provisória. O novo valor não vai retroagir para janeiro. Ainda não se sabe, porém, em que mês serão pagos os R$ 545, pois isso dependerá da aprovação final da proposta.

Seremos Breves: Mínimo

+ VÍDEOS

Como votaram os deputados paranaenses

DeputadoPartidoA favor da emenda dos R$ 600A favor da emenda dos R$ 560Abelardo LupionDEMSimSimAlex CanzianiPTBNãoNãoAlfredo KaeferPSDBNão votouSimAndré VargasPTNãoNãoAndré ZacharowPMDBNãoNãoAngelo VanhoniPTNãoNãoAssis do CoutoPTNãoNãoCida BorghettiPPNãoNãoDilceu SperaficoPPNãoNãoDr. RosinhaPTNãoNãoEdmar ArrudaPSCNãoNãoEduardo SciarraDEMSimSimFernando FrancischiniPSDBSimSimGiacoboPRNãoNãoHermes ParcianelloPMDBNãoNãoJoão ArrudaPMDBNãoNãoLeopoldo MeyerPSBNãoNãoLuiz Carlos SetimDEMSimSimLuiz NishimoriPSDBSimSimMoacir MichelettoPMDBNãoNãoNelson MeurerPPNãoNãoNelson PadovaniPSCNãoNãoOsmar SerraglioPMDBNãoNãoRatinho JuniorPSCNãoNãoReinhold StephanesPMDBNãoNãoRosane FerreiraPVNãoAbstençãoRubens BuenoPPSSimSimSandro AlexPPSAbstençãoSimTakayamaPSCNãoNãoZeca DirceuPTNãoNão

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