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Gestão pública

Governo dá emprego a parentes de deputados

Além do nepotismo, estado pratica o nepotismo cruzado

O governador Roberto Requião (PMDB), o vice-governador, Orlando Pessuti (PMDB), e os secretários de estado não são os únicos a empregar parentes no Executivo estadual. Deputados estaduais e federais da base de sustentação do governo do Paraná também têm familiares empregados em cargos comissionados (de indicação política) no governo paranaense – prática conhecida como nepotismo cruzado, quando parentes de políticos de um dos poderes são contratados para trabalhar no outro.

A constatação de que os deputados e o governo praticam o nepotismo cruzado foi feita pela Gazeta do Povo com base na lista de funcionários em comissão divulgada pelo próprio governo Requião, no último dia 21. De acordo com o levantamento da reportagem, o campeão de parentes empregados no governo do estado é o deputado estadual e ex-chefe da Casa Civil Caíto Quintana (PMDB). Ele, que sempre esteve ao lado do governador e exerceu o cargo de chefe da Casa Civil por duas vezes, tem dois irmãos (Odoni e Aílton) e uma irmã (Maristela) com cargos no governo. Caíto diz que todos são capacitados e conhecem as áreas onde atuam.

Outras lideranças importantes dentro do partido também têm familiares em funções comissionadas no Executivo. O líder do governo na Assembléia Legislativa, deputado Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), tem a filha, Juliana, empregada na Casa Civil. Ela, no entanto, está cedida para a Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), órgão que o pai presidiu na gestão anterior de Requião.

Romanelli não gostou de ser questionado sobre uma possível indicação da filha para trabalhar no governo. "Vá investigar", afirmou ao ser perguntado onde Juliana estava atuando. O deputado disse apenas que não via problemas em ela ter cargo no estado.

A reportagem foi investigar, como sugeriu Romanelli. Em um primeiro telefonema, para a assessoria de imprensa da Cohapar, obteve a resposta de que Juliana já não mais estava cedida à Companhia de Habitação. Porém, em uma segunda tentativa, o setor de desenvolvimento social da Cohapar informou que a filha do parlamentar trabalhava naquele departamento, mas que, durante a semana que passou, ela não tinha "aparecido".

O deputado estadual Antônio Anibelli, ex-líder do PMDB no Legislativo paranaense, também tem um filho empregado no governo, Antônio Anibelli Neto, que trabalha na Secretaria dos Transportes. O pai-deputado não vê problema na nomeação. "É uma oportunidade de trabalho. É melhor do que ser bandido e ladrão."

Os deputados federais Max Rosenmann (PMDB) e Hidekazu Takayama (PSC) também têm filhos com cargos em comissão no Executivo estadual. O primeiro tem o filho, Paulo, empregado no Instituto de Pesos e Medidas (Ipem). E o segundo, tem uma filha, Patrícia, na Secretaria da Saúde. A Gazeta do Povo tentou contato com Rosenmann. Mas ele não foi encontrado. O escritório político dele em Curitiba, porém, confirmou o parentesco. Já Takayama estava em viagem aos Estados Unidos e não pôde falar sobre o assunto.

A reportagem tentou também falar com o deputado estadual Carlos Simões (PTB). A irmã dele tem cargo na Casa Civil, mas está cedida à Sanepar. O parlamentar não foi encontrado no gabinete dele na Assembléia. Mas funcionários do deputado confirmaram que Lúcia Xavier Simões é irmã do deputado.

Já o deputado estadual Péricles Holleben Mello, do PT – outro partido aliado do governador , tem uma irmã na administração Requião. Carmencita trabalha na Secretaria da Educação. Para Péricles, nepotismo tem um "conteúdo subjetivo" e para tudo tem de haver um limite. "Não dá para universalizar. É perigoso. A minha irmã tem uma história, é competente e tem um currículo. É formada em Pedagogia e História. E possui mestrado e doutorado."

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