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O governo de unidade palestino reunindo Hamas e Fatah tomou posse neste sábado, mas sofre a resistência de Israel, que não o encara como um parceiro nas negociações de paz.

O Parlamento palestino deu o voto de confiança ao governo comandado pelo primeiro-ministro Ismail Haniyeh, do movimento islâmico Hamas, que mais cedo havia prometido aos palestinos respeitar o direito deles a ``todas as formas'' de resistência contra Israel.

A declaração desafiadora de Haniyeh contrastou com um discurso conciliatório feito pelo presidente palestino, Mahmoud Abbas, da facção secular Fatah, que destacou a busca pela paz e pediu ao mundo o fim de um boicote que vem incapacitando o governo palestino.

Abbas, que lidera a Organização pela Libertação da Palestina, voltou a endossar a oferta árabe de paz total com Israel se o Estado judaico sair do território que ocupa desde a Guerra de 1967.

Mas Haniyeh, que assinou um acordo para dividir o poder com o líder do Fatah no mês passado, manteve um tom de quem não tem o mesmo compromisso.

``O governo afirma que a resistência de todas as formas, incluindo a resistência popular à ocupação, é um direito legítimo do povo palestino'', disse.

Israel descartou negociar com a coalizão Fatah-Hamas, citando a recusa do Hamas em aceitar as exigências, estabelecidas há um ano pelos mediadores estrangeiros pela paz que integram o chamado ``Quarteto'' -ou seja, abandonar a violência, reconhecer o Estado judaico e aceitar os acordos prévios de paz.

``Não vamos trabalhar com esse governo'', disse Miri Eisin, a porta-voz do primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert. ``Esse governo não reconhece nossa existência, não reconhece nossos tratados e, o mais importante, não renuncia de forma alguma ao terror'', disse, referindo-se às declarações de Haniyeh.

Mas com a crescente ansiedade internacional com relação ao impasse diplomático, à violência de facções e ao aumento da miséria palestina, há sinais de flexibilidade por parte do Ocidente em negociar com membros do novo gabinete que não sejam do Hamas.

O chamado ``Quarteto'' suspendeu toda a ajuda direta à Autoridade Palestina, agravando a situação de pobreza na Faixa de Gaza e na Cisjordânia desde que o Hamas assumiu o poder na eleição de janeiro de 2006.

``Os dois grandes desafios para o novo governo palestino agora são a suspensão do boicote e o fim do caos'', afirmou à Reuters o vice-primeiro ministro Azzam al-Ahmad, da Fatah, em Ramallah.

Os EUA devem manter o boicote, mas uma autoridade norte-americana afirmou na sexta-feira que via possibilidade de contatos não-oficiais com o ministro das Finanças, o reformista Salam Fayyad.

Oitenta e três dos 87 membros do Conselho Parlamentar Palestino que participaram da sessão deste sábado por videoconferência votaram a favor do novo governo.

Quarenta e um parlamentares, incluindo 37 do Hamas, não puderam comparecer porque estão em prisões israelenses. As restrições que Israel impõe ao trânsito de pessoas impediram que todos os membros do Conselho se encontrassem em um local.

``Essa unidade nacional recebeu os cumprimentos da nação árabe e internacionais, o que esperamos é que isso se converta em medidas que ponham fim ao cerco'', afirmou Abbas.

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