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Após reunião de coordenação entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros nesta manhã, o governo reconheceu que as medidas adotadas na sexta-feira para reduzir o tráfego no aeroporto de Congonhas devem trazer mais transtornos para os usuários, além de tarifas mais altas. No entanto, de acordos com fontes do Palácio do Planalto, Lula e os ministros avaliaram que o governo fez uma opção pela segurança.

Para analistas ouvidos pelo GLOBO ONLINE, as medidas vão, sim, pesar no bolso do consumidor, pelo custo de todas as mudanças que deverão ser feitas pelas empresas que hoje operam no local.

Concluiu-se ainda que Congonhas é um erro estratégico que priorizou comodidade, preços baixos e viabilidade econômica para as empresas. Um erro, porém, não só do governo Lula, mas de outras administrações também. Governantes, órgão de fiscalização e empresas nunca trabalharam contra a superlotação do aeroporto.

Na reunião de coordenação, Lula decidiu reforçar o Conselho Nacional de Aviação Civil (Conac), que além dos ministros da Defesa, Relações Exteriores, Fazenda, Casa Civil, Desenvolvimento, Turismo e do comandante da Aeronáutica, vai contar agora com o ministro do Planejamento.

Decidiu-se ainda que o Conac vai se manter em reunião permanente para acompanhar medidas contra o caos aéreo e propor outras soluções a curto prazo.

Após a reunião de coordenação, Lula se reuniu com o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM-DF). Ao deixar o encontro, o governador disse ter informado ao presidente que Brasília tem condições de ter mais vôos internacionais e que o DF poderia ser uma saída para a descentralização de Congonhas.

Segundo o governo, o aeroporto de Brasília já tem uma segunda pista pronta para operar, mas ainda falta construir um novo terminal de passageiros. De acordo com Arruda, o presidente sugeriu que falasse com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, sobre o assunto.

- Ele (presidente) ainda está profundamente chocado (com o acidente da TAM) - comentou Arruda.

Anac questiona medidas e pode divulgar manifesto

Os diretores da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que não-oficialmente questionam as medidas do governo, passaram o fim de semana avaliando o impacto das mudanças e decidem nesta segunda-feira se divulgam um manifesto sobre as conseqüências para as empresas e para o consumidor. A diretoria afirma que a proposta de esvaziamento de Congonhas - a ação mais polêmica do pacote - vai gerar um problema de demanda não atendida.

- Vai ficar passageiro querendo viajar, e não haverá vôo - disse um diretor da Anac numa das reuniões do fim de semana. - E como manda a lei do mercado, quando a demanda supera a oferta, o preço sobe.

A argumentação da Anac é que o terminal de passageiros de Guarulhos pode absorver apenas um milhão de passageiros dos cerca de cinco milhões que o governo quer retirar de Congonhas. O Aeroporto de Viracopos, em Campinas, tem capacidade ainda menor. A opção do governo de transferir parte desse movimento para o Aeroporto Internacional Tom Jobim também é apontada como um problema, por causa da resistência das empresas aéreas.

Mesmo assim, restrições das operações em Congonhas entram em andamento nesta semana. A Anac condicionou a retomada à redução de peso das aeronaves e, conseqüentemente, do número de passageiros. Ainda esta semana a agência começará a cumprir as determinações de autorizar no máximo 33 movimentos (pousos e decolagens) por hora em Congonhas e de não permitir vôos fretados e charter.

A Anac também concluiu, nas avaliações preliminares, que 60 dias para tirar de Congonhas os vôos de conexões e com escalas é um prazo muito pequeno. A avaliação entre os cinco diretores da Anac é que o governo não tomou uma decisão técnica, mas política. A solução para São Paulo é, segundo uma das fontes, é construir outro aeroporto no estado - como prevê o plano anunciado na sexta-feira.

Diante das cobranças do governo para mexer na malha, a Anac vinha trabalhando em outra frente, mas acabou atropelada pelo acidente e pela decisão do governo de retirar de Congonhas conexões e escalas.

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