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Fernando Henrique, Aécio e Serra: ex-presidente foi decisivo na montagem da chapa que beneficiou o senador mineiro | André Dusek/AE
Fernando Henrique, Aécio e Serra: ex-presidente foi decisivo na montagem da chapa que beneficiou o senador mineiro| Foto: André Dusek/AE

Dilema curitibano

Gustavo Fruet falta e aumenta tensão sobre 2012

Em meio à disputa pela candidatura a prefeito de Curitiba 2012, o ex-deputado federal Gustavo Fruet não compareceu à convenção nacional do PSDB. Ele disse que faltou porque já tinha outros compromissos no Paraná. Além disso, como não exerce mais mandato no Congresso, não teria direito a voto para a escolha da nova executiva.

A ausência aumenta a especulação sobre uma possível saída do partido. Presidente estadual do PSDB, o governador Beto Richa ainda não definiu quem pretende apoiar no ano que vem. O atual prefeito, Luciano Ducci (PSB), era vice dele na prefeitura até o ano passado e pretende disputar a reeleição.

Richa demonstrou surpresa pela ausência de Fruet, mas não quis misturar os problemas locais com os nacionais. "Ainda temos tempo para negociar. Vamos buscar uma alternativa que seja positiva para a união de todo o nosso grupo", disse ele.

Na convenção anterior da legenda, em 2007, Fruet chegou a ser convidado para ocupar o cargo de secretário-geral – o segundo mais importante na hierarquia. Acabou abrindo mão para assumir posteriormente a liderança do partido na Câmara, o que acabou não se concretizando. Em 2010, ele assumiu a liderança da minoria.

Para o senador Alvaro Dias, a ausência não foi estranha. "O Fruet deu todas as possibilidades que podia ao PSDB, mas a direção estadual do partido parece que não quer aceitar nenhuma", afirmou. Como líder da legenda no Senado, Dias ocupa uma das vagas paranaenses na nova executiva nacional – a outra é do deputado federal Alfredo Kaefer, eleito segundo-secretário.

Em uma eleição paralela, a Juventude Nacional do PSDB deveria escolher ontem à tarde Marcello Richa (filho do governador) como presidente. Já havia consenso sobre a escolha de Marcello, que é secretário municipal de Esporte de Curitiba.

Após semanas de negociação que se prolongaram até instantes antes da 10.ª Convenção Nacio­nal tucana realizada ontem, em Brasília, o PSDB elegeu uma nova executiva que fortalece o senador mineiro Aécio Neves. O ex-governador de São Paulo José Serra aceitou assumir a presidência do conselho político do partido, considerado um prêmio de consolação. Ele abriu mão de comandar o Instituto Teotônio Vilella (ITV), braço intelectual da legenda, que ficará com o ex-senador cearense Tasso Jereissati, pró-Aécio.

Por outro lado, Serra conseguiu emplacar o aliado Alberto Goldman como primeiro vice-presidente. Candidato derrotado nas eleições presidenciais de 2002 e 2010, ele insistiu recentemente em presidir o ITV após ter recusado o mesmo cargo no co­­meço do ano, quando chegou a fazer campanha pela substituição do deputado federal Sérgio Guerra (PE) na presidência do partido. Guerra foi mantido no cargo, graças a um consenso recente entre os tucanos de São Paulo e Minas Gerais.

A prévia da convenção foi marcada pelo mesmo ambiente de disputa entre Aécio e Serra antes da campanha eleitoral do ano passado. Novamente, a negociação precisou ser intermediada pelo ex-presidente da República e presidente de honra da sigla, Fernando Henrique Cardoso. Coube a ele o último diálogo com Serra, que começou na sexta-feira em São Paulo e se estendeu a reuniões pela manhã de ontem.

As principais lideranças eram esperadas para discursar às 10h30. Entretanto, Aécio, Serra, FHC, Guerra e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, permaneceram negociando em um hotel ao lado do prédio em que a convenção foi realizada, no centro de Brasília, até 12h30. O atraso gerou tensão entre os cerca de 800 militantes, que só souberam no último momento qual seria a chapa indicada para votação.

Apesar do racha, todos os discursos foram focados na necessidade de união. "Esta é a convenção da unidade", disse Alckmin, o primeiro a falar entre os "caciques" tucanos. Depois dele, foi a vez do presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), que estendeu as palavras de unidade aos demais partidos de oposição.

Principal articulador da fusão entre PSDB, DEM e PPS para as elei­­ções de 2014, Aécio foi o ter­cei­­ro a discursar. "Apostaram, e como apostaram, na nossa divisão. Mas amanhã os brasileiros vão acordar e ver a unidade da oposição do nosso país", disse o senador mineiro.

Ele também aproveitou a opor­­tunidade para afagar Serra. "Que privilegiado é um partido que tem quadros como José Ser­­ra", afirmou. Para esfriar ainda mais o confronto, ressaltou que "o PSDB é um partido sem dono".

Aécio foi sucedido por Serra, que fez o discurso mais longo. O paulista relembrou o peso dos 44 milhões de votos que recebeu no segundo turno de 2010. "Eleição a gente perde e ganha. Só não pode perder o caráter e os princípios", declarou o ex-governador.

Ele também fez o discurso mais duro contra o governo Dil­ma Rousseff, qualificado como "omisso, ineficiente e incompetente". Serra também criticou a participação do ex-presidente Lula na articulação da defesa do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci. "A que foi eleita governa cada vez menos e o que não foi eleito cada vez mais", disse.

Para ele, Lula é responsável por uma "herança maldita" e citou como problemas o aumento da inflação, as condições das estradas, dos aeroportos, do saneamento. Para encerrar e não destoar dos discursos anteriores, Serra lembrou os tempos da fundação do partido, em 1988. Na­­quela época, segundo ele, "nunca as diferenças foram maiores que o companheirismo e a lealdade".

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