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Goiás

Grupo de bicheiro pagou serviço para campanha de Perillo, diz jornalista

Senador vai pedir para Luiz Bordoni depor na CPMI. Responsável pela propaganda de rádio do tucano na eleição de 2010, ele afirma que recebeu R$ 45 mil de construtora envolvida no esquema

Perillo: situação do tucano se complicou com duas denúncias | Henry Milleo/ Gazeta do Povo
Perillo: situação do tucano se complicou com duas denúncias (Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo)
Senador Demóstentes Torres |

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Senador Demóstentes Torres

O senador Pedro Taques (PDT-MT) pedirá a convocação do jornalista Luiz Carlos Bordoni para depor na CPMI do Cachoeira. Responsável pela propaganda de rádio da campanha eleitoral do governador Marconi Perillo (PSDB-GO) em 2010, Bordoni diz que recebeu dinheiro do bicheiro Carlinhos Cachoeira pelo serviço prestado à campanha eleitoral do tucano.

A denúncia complica ainda mais a situação de Perillo, que irá depor no próximo dia 12 à CPMI. A Polícia Federal identificou mais de 230 citações do nome do governador nas conversas gravadas durante a Operação Monte Carlo, da Polícia Federal.

Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo publicada ontem, Berdoni afirma que o pagamento pelo serviço foi feito pela Alberto & Pantoja Construções e Transporte. A construtora é apontada pela Polícia Federal como uma empresa fantasma financiada com dinheiro da empreiteira Delta e ligada a Cachoeira. A assessoria de Perillo nega ter feito os pagamentos por meio da empresa.

O pagamento de R$ 45 mil foi depositado na conta da filha do jornalista, Bruna Bordoni, em 14 de abril do ano passado. O depósito, que consta nos autos da Operação Monte Carlo, se refere à metade do total de R$ 90 mil que o jornalista diz ter ficado pendente de pagamento após as eleições. De acordo com Bertoni, o responsável pelo pagamento foi Lúcio Gouthier, assessor de Perillo.

Essa não é a primeira vez que Gouthier aparece em uma denúncia que relaciona o grupo de Cachoeira ao governador de Goiás. O assessor de Perillo foi quem assinou o documento que comprova o recebimento de R$ 1,4 milhão pela venda da mansão de Perillo em Goiás (leia mais no quadro à direita). Segundo as investigações da Polícia Federal, os cheques usados para o pagamento da casa estavam relacionados a pessoas próximas a Cachoeira, que seria o real comprador do imóvel. Gouthier também é suspeito de ter recebido R$ 500 mil, que teriam sido enviados pelo braço direito do contraventor, o ex-vereador de Goiânia Wladimir Garcêz, ao Palácio das Esmeraldas, sede do governo goiano.

Bordoni conta na reportagem que só se deu conta da origem ilícita do pagamento quando o nome da filha apareceu na quebra de sigilo da Alberto & Pantoja. O nome de Bruna foi citado durante o depoimento do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) no Conselho de Ética, na última terça-feira. Na ocasião, o senador Pedro Taques fez perguntas sobre a até então desconhecida Bruna Bordoni. Demóstenes se embaraçou nas respostas. De acordo com O Estado de S. Paulo, Bruna chegou a ser nomeada como assessora de Demóstenes, em 2005. Ela só não tomou posse por motivo de doença.

Grupo trabalha para evitar absolvição de Demóstenes

Um grupo de senadores começou a se mobilizar para evitar que o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) se livre da cassação do mandato no plenário da Casa. O temor de que o caso acabe em pizza cresceu desde o depoimento que Demóstenes prestou terça-feira no Conselho de Ética do Senado, quando começou a aumentar o número de senadores que, reservadamente, afirmam que os delitos do goiano são menores do que pareciam e que, por isso, podem absolvê-lo. A estratégia desses senadores pró-Demóstenes não seria votar contra a cassação, mas se ausentar do plenário no dia da votação.

Os senadores Ana Amélia Lemos (PP-RS), Pedro Taques (PDT-MT), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) e o relator do caso Demóstenes, Humberto Costa (PT-PE), reuniram-se no plenário do Senado na quinta-feira para definir estratégias para evitar a pizza. O grupo tem duas metas fundamentais: tentar uma alternativa que force os senadores a abrirem seus votos e combater as ausências no dia da votação em plenário. O voto para cassação de mandato é aberto no Conselho de Ética e fechado no plenário.

Para Demóstenes ser cassado, será preciso que 41 senadores apoiem o pedido de cassação. As ausências têm exatamente o mesmo efeito do voto pela absolvição. Rollemberg, Taques, Ana Amélia e Humberto Costa definiram que vão usar as redes sociais na internet para tentar irradiar o alerta de que o senador que se ausentar da votação estará ajudando Demóstenes. "Há um movimento subterrâneo para incentivar a ausência", diz Rollemberg.

A meta do grupo ao alardear a situação na internet é evitar que os colegas busquem desculpas, como viagens profissionais e doenças de família, no dia da votação. Outra estratégia é tentar garantir a publicidade dos votos no plenário do senador que assim desejar.

No entanto, ainda não está definida qual a melhor forma de fazer isso. O grupo incumbiu o senador Pedro Taques, que era procurador da República, de estudar uma forma jurídica para assegurar a publicidade dos votos.

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