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Guerra de Beto e Requião afeta obras em Curitiba

Governo suspende R$ 50 milhões para obras viárias

A guerra aberta entre o governador Roberto Requião (PMDB) e o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), extrapola o campo político e está trazendo reflexos diretos à população da capital.

Desde o fim da campanha eleitoral, em novembro, o governo do estado suspendeu cerca de R$ 50 milhões em investimentos em obras de infra-estrutura na capital. Beto Richa acusou ontem o governador de retaliação política ao segurar os repasses. O governo nega e garante que os convênios estão suspensos por reformas no plano administrativo.

As obras dependem da liberação de financiamentos da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano (SEDU) e incluem pavimentação asfáltica e melhorias viárias nos bairros. Todas já foram licitadas pela prefeitura, os convênios estão assinados, mas não chegaram a ser iniciadas.

O prefeito Beto Richa colocou ontem a culpa no governo. "O governador suspendeu todos os convênios e financiamentos de obras importantes para Curitiba. São obras que a prefeitura ia pagar. Além disso, o Requião disse na campanha que baixou a passagem de ônibus em Curitiba porque ele reduziu o ICMS sobre o diesel. É um mentiroso, o Pinóquio do Iguaçu, que só tem ódio e rancor no coração", disparou.

O acordo feito para a compra de óleo diesel sem ICMS para o transporte de Curitiba e região metropolitana também foi suspenso. O governador autorizou em julho do ano passado a abertura de licitação para a compra de 84 milhões de litros de óleo diesel sem a incidência de ICMS e que deveriam ser repassados para as 25 empresas de ônibus. A medida, no entanto, não foi colocada em prática. "Mas Curitiba não vai parar por causa dele (Requião). Eu vou responder à inoperância do Estado com trabalho e obras", disse Beto Richa.

O secretário-chefe da Casa Civil do governo do estado, Rafael Iatauro, confirmou a suspensão do repasse de verbas do estado à prefeitura de Curitiba, mas negou que seja retaliação política por Beto Richa ter apoiado Osmar Dias na eleição. "Essa é uma reforma do plano de governo. É um novo período administrativo e tudo está sendo reestruturado em relação ao estado do Paraná. Essa é uma paralisação temporária", afirmou, garantindo que a população não vai sair perdendo.

"O prometido a Curitiba será feito. Os investimentos serão cumpridos, com os cerca de R$ 50 milhões a serem investidos ocorrendo em etapas".

O assessor especial de governo para assuntos de Curitiba, Doático Santos, nomeado logo após a eleição de outubro por Requião para ser o interlocutor entre o prefeito e o governador, tem uma explicação mais política para o fim do acordo do diesel, que baratearia o preço da tarifa. "O prefeito disse durante a campanha que a questão seria resolvida com a intervenção do Osmar Dias. Então agora o governo se sente desobrigado a resolver. O Beto que tenha sucesso com o Osmar", ironizou.

O vereador de Curitiba, Paulo Salamuni (PV), afirmou ontem que vai reunir uma comissão de vereadores de vários partidos para entrar com uma representação junto ao Ministério Público pedindo que o governo libere as verbas para as obras. "Está havendo um atentado contra a população de Curitiba", disse.

Os problemas administrativos entre o governo e a prefeitura vieram à tona no pacote de agressões e denúncias que vêm sendo trocadas publicamente entre os dois, desde terça-feira, quando Requião acusou Beto Richa de ter sido beneficiado por R$ 10 milhões que teriam sido desviados para a campanha do tucano ao governo do estado em 2002. Beto Richa fez novas críticas ontem ao governador e afirmou que não há como não reagir a uma acusação pública de um "mentiroso e insano".

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