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Mara Gabrilli: Temer foi avisado. | Roosewelt Pinheiro/ABr
Mara Gabrilli: Temer foi avisado.| Foto: Roosewelt Pinheiro/ABr

Relatora da medida provisória (MP) que recriou o Ministério da Cultura, em maio, no início do governo Michel Temer, a deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP) disse na manhã desta segunda-feira (21) que decidiu excluir do texto a criação da Secretaria Nacional de Patrimônio Histórico porque ela enfraqueceria as atribuições do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “Havia ‘interesses mil’ na criação da secretaria”, afirmou a deputada.

O Iphan foi o órgão que contrariou os interesses do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima ao negar autorização para o prosseguimento da obra de um prédio de luxo numa área no entorno do centro histórico de Salvador (BA). A autorização da obra está no centro da demissão do ex-ministro da Cultura Marcelo Calero. Ele acusa Geddel de pressioná-lo pela liberação da obra.

Ministro já tinha feito lobby para liberar outro prédio de luxo em Salvador

Geddel conversou com o prefeito ACM Neto para autorizar obra da OAS e da Cosbat. Irmão do ministro havia comprado apartamento no edifício

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Temer foi avisado

A deputada Mara Grabrilli afirmou que a secretaria tiraria importância do Iphan e ligou para o presidente da República, Michel Temer, avisando que o faria. “Mergulhei para entender a importância dessa secretaria. E vi que a importância dela era tirar a importância do Iphan. Nessa situação, liguei para o presidente [Temer] e disse que estava usando do meu discernimento e estava tirando aquela secretaria. E coloquei no lugar a Secretaria Nacional da Pessoa Idosa. Essa sim, o povo brasileiro tinha necessidades”, disse a deputada. Ela relata, porém, que sentiu ter desagradado a muitos setores. “Enfim, teve muita gente que não gostou”, afirmou, sem citar nomes.

A tucana ainda disse que conversou com muitos técnicos do Iphan, com o pessoal da cultura e com o próprio então ministro Marcelo Calero que, segundo ele, foi o tempo inteiro “muito cuidadoso”. “Ele [Calero] sempre foi muito cuidadoso. Era uma situação delicada para ele. Era um ministro dentro do governo e iria falar mal de uma medida provisória do próprio governo?! Nunca fez isso. Foi muito cordial”, disse Mara Gabrilli.

Além do Iphan, MPF também pediu suspensão da obra do ‘prédio de Geddel’

Ministério Público Federal havia recomendado a paralisação da construção do edifício que está no centro da polêmica da demissão do ministro da Cultura

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“Fui conversando com muitas pessoas e cada vez mais que me aprofundava não via nenhuma razão para a razão daquela órgão [a secretaria]. Simplesmente tirei. Tenho certeza que evitei um mau maior. A deputada disse que nas conversas e diálogos que foi estabelecendo sobre a medida provisória tomou ciência que havia “interesses” na criação da secretaria: “Já ouvia de vários lugares que tinham ‘interesses mil’ na criação da secretaria. E isso vai parar na minha mão para eu relatar?! Não vai prosperar!’

Conversa com Geddel

Perguntada se foi procurada pelo ministro Geddel, a deputada afirmou que ligou para ele avisando de sua decisão, mas depois que ela conversou com Temer e com o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil). “Liguei para o ministro Geddel no final. Disse da história de trocar a secretaria de Patrimônio pela da Pessoa Idosa. E disse a ele que tinha conversado com o presidente Temer e o Padilha. Acho que ele [Geddel] foi meio protocolar. E me disse: ‘Ah, tá bom. Vou mandar não sei quem falar com você’. E não mandou.”

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