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Os devotos já decretaram: dia 29 de dezembro deve passar a ser o dia oficial de homenagens a Iemanjá. Nesta quinta-feira, milhares de pessoas participaram dos festejos nas areias da Praia de Copacabana, antecipando o réveillon carioca. Além da religiosidade, o espetáculo encantou turistas e quem estava na praia. Uma carreata partiu às 15h do Mercadão de Madureira e percorreu vários pontos da cidade até levar para Copacabana uma imagem de Iemanjá. Nas areias, cerca de quatro mil pessoas participaram da festa numa tenda montada em frente à Rua Bolívar. Em outro ponto da praia, na altura da Siqueira Campos, outros milhares reverenciavam a Rainha do Mar.

A antecipação dos rituais afro-brasileiros foi uma decisão tomada este ano pelo prefeito Cesar Maia com o objetivo de deixar livres as areias da praia para o público na noite da virada. A medida foi aprovada pelos seguidores da umbanda e do candomblé.

— O dia 31 costuma ser muito tumultuado. As pessoas procuram Copacabana para se divertir, para a festa. Hoje, com menos pessoas circulando, podemos fazer melhor a nossa concentração espiritual. Ficamos mais à vontade — disse a vidente Maria Genilda dos Santos, de 50 anos.

Os organizadores também aprovaram. Hélio Sillmann, do Mercadão de Madureira, era só entusiasmo:

— Está lindo, maravilhoso. Esse é o espaço que a gente precisava. Agora esperamos que se torne oficial.

Organizada por lojistas do Mercadão de Madureira, a carreata foi formada por 19 ônibus e cerca de 20 carros. Participaram devotos de vários terreiros de umbanda. Levada num caminhão à frente da carreata, a imagem de Iemanjá foi reverenciada pelas ruas do subúrbio. Nas avenidas Presidente Vargas e Rio Branco, a procissão se misturou à chuva de papel picado. Em Copacabana, uma multidão já aguardava o cortejo.

Crianças e turistas se emocionam

Sob uma tenda armada na areia, os religiosos reuniram os barcos com as oferendas para a Rainha do Mar: champanhe, perfume, bijuterias, flores brancas e muitos pedidos para 2006. Crianças também participaram. Dos ombros do pai, o comerciante Antônio Carlos da Costa, Pâmela Mel, de 3 anos, jogou champanhe na imagem, ao som do afoxé dos Filhos de Gandhi.

— Sou devoto de Iemanjá e vim agradecer a ela por ter me curado depois ficar 15 dias internado num CTI — disse Antônio, emocionado.

Emoção também sentida pelo turista americano Jelly Schover, de 50 anos, que vive em Portland. Joalheiro, Jelly chorou ao ouvir os cânticos:

— Já viajei para o Haiti, Cuba, África e venho sempre ao Brasil. Esse espetáculo hoje está lindo.

A homenagem a Iemanjá já faz parte do calendário da cidade há pelo menos quatro décadas. A partir de 1993, quando a prefeitura começou a organizar shows na praia, os religiosos passaram a realizar seus rituais cada vez mais cedo, para escapar do tumulto. Em 2002, o vereador Jorge Babu chegou a propor a delimitação de "despachódromos", mas o prefeito Cesar Maia não levou adiante a idéia.

Enquanto alguns já festejam, outros fazem os últimos preparativos para a grande festa da virada do ano. Ontem começaram a ser testadas as estruturas de ferro que vão transformar três trios elétricos nos palcos sobre rodas do réveillon de Copacabana. As principais vias da cidade estão recebendo nova sinalização, com informações para a chegada em segurança às praias da Zona Sul, e as balsas da queima de fogos no Flamengo estão praticamente prontas. Hoje será realizada a inspeção final nas oito balsas que vão transportar as 150 toneladas de estrutura e fogos que vão iluminar o céu de Copacabana na passagem para 2006. Além da Capitania dos Portos, participarão da vistoria representantes do Corpo de Bombeiros e da Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae). A previsão é que as balsas só saiam da Ilha do Fundão em direção a Copacabana neste sábado.

De acordo com Eliana Santa Rita, diretora de operações da empresa Rio 360, nesta quinta começaram a ser testadas as estruturas e a cenografia que vão transformar os trios elétricos em palcos sobre rodas. Os trios chegaram na quarta de São Paulo e, depois do réveillon no Rio, seguirão para Salvador, onde vão animar o carnaval baiano.

— Por serem muito grandes, acabaram ficando fora dos galpões onde está sendo preparada a cenografia de cada carro. Os trios vão ganhar estrutura metálica e lonas com desenhos computadorizados dos principais morros do Rio, como Corcovado e Pão de Açúcar — disse a diretora.

A festa da passagem de ano começa nesta sexta, na Praia do Flamengo. No palco montado em frente à Rua Dois de Dezembro, na orla, o arcebispo do Rio, dom Eusébio Scheid, celebrará uma missa campal a partir das 18h. Na quinta o dia foi de muito trabalho no Estaleiro Camorim, na Ilha da Conceição, em Niterói. Operários instalavam as 4.200 bombas — de quatro a 12 polegadas — nas três balsas da queima de fogos do Flamengo. Segundo o subprefeito da Zona Sul, Marcelo Maywald, os fogos do Flamengo durarão 20 minutos, quatro a mais que em Copacabana:

— Queremos repetir o sucesso do ano passado. A expectativa é reunir um público de 800 mil pessoas. O Flamengo está se consolidando como o segundo grande espetáculo de réveillon do Rio. A queima de fogos do Flamengo será sincronizada com a de Icaraí, em Niterói.

As balsas do Flamengo ficarão fundeadas a 360 metros da praia, em frente às ruas Tucumã, Dois de Dezembro e Silveira Martins. No palco, montado na orla em frente à Rua Dois de Dezembro, músicos da região vão animar a festa. O espetáculo, segundo Maywald, vai começar às 20h, com música tocada por DJs. Às 22h e a vez do grupo Forroçacana. Depois da queima dos fogos, a escola de samba São Clemente vai se apresentar. O espetáculo se encerrará às 2h, com a apresentação da escola de samba Canarinho das Laranjeiras.

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