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Dilma: baixo crescimento na economia e dificuldade para finalizar ou tirar obras do papel | Pedro Ladeira/AFP
Dilma: baixo crescimento na economia e dificuldade para finalizar ou tirar obras do papel| Foto: Pedro Ladeira/AFP

Presidente é vista como "mãe", diz analista

O presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos e professor de Comunicação Política da Universidade de Salamanca, Carlos Manhanelli, diz que a imagem que a maioria dos brasileiros tem de Dilma Rousseff não é a da "gerentona", mas a de "mãe". "A população a elegeu em 2010 porque comprou a ideia de que só ela poderia dar continuidade aos programas sociais implantados pelo PT", diz Manhanelli. Para ele, o ideal de Dilma como alguém com perfil meramente técnico só se manteve entre os políticos.

O consultor também aponta que a imagem da presidente só pode ser ameaçada por uma crise na economia que afete o poder de consumo das classes emergentes. Isso ocorreria, por exemplo, caso houvesse um agravamento ainda maior do endividamento das famílias. "Já estamos vendo para este ano uma previsão de redução de 4% nas compras de Natal, o que seria um sinal de alerta. O risco é a nova classe média deixar de ser ascendente." Enquanto o consumo estiver em alta, na visão de Manhanelli, a aprovação de Dilma estará alta.

A última pesquisa CNI/Ibope do ano, divulgada na sexta-feira, mostrou que a aprovação sobre a maneira de governar de Dilma chegou a 78% da população, o maior desde o início da gestão. O porcentual de entrevistados que disseram que o governo Dilma é "ótimo" ou "bom" foi de 62%. Apenas 7% avaliaram a gestão como "ruim" ou "péssima". (AG)

Após meio mandato no Palácio do Planalto, os resultados do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e o andamento das obras federais colocam na berlinda a imagem de "gerentona" da presidente Dilma Rousseff. Definida por Lula como "mãe do PAC" dois anos antes da campanha de 2010, ela tem sofrido com dificuldades internas e externas para deslanchar os números do governo. Por um lado, esforça-se para enfrentar a crise econômica mundial. Por outro, tropeça nas escolhas políticas e na herança deixada pela administração anterior, da qual foi a principal gestora.

Segundo projeção da Organização das Nações Unidas divulgada na semana passada, o PIB do Brasil vai crescer 1,2% em 2012. Em comparação com todos os paí­­ses da América Latina, o resultado só é superior ao do Paraguai, que deve ter uma retração de 1,8%. Em 2011, o crescimento da economia brasileira foi de 2,7%, quase metade da previsão inicial de 5% do ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Já o último balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), apresentado em outubro, mostrou que, nos dez primeiros meses de 2012, o governo conseguiu investir apenas 41,9% dos R$ 34,4 bilhões previstos. Em 2011, a porcentagem foi de 54,6% de um total de R$ 26 bilhões para o mesmo período. Um ano antes, ainda durante o governo Lula, a taxa havia sido de 66,2%.

A dificuldade de desembolso compromete obras emblemáticas para o governo. O trem-bala entre Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, cuja licitação deveria ter ocorrido em 2010, vai ser leiloado apenas em setembro de 2013. Na primeira tentativa de leilão feita pelo governo Dilma, em 2011, nenhum interessado em realizar o empreendimento se candidatou.

Além disso, refinarias da Petrobras em Pernambuco, que deveriam ter sido finalizadas há dois anos, apresentavam em outubro passado índices de execução de 64% e 41%, respectivamente.

Sem evolução

O volume de investimentos em infraestrutura, públicos e privados, está diretamente relacionado ao avanço no PIB. Na avaliação do economista Roberto Piscitelli, da Universidade de Brasília, a lentidão já era uma característica de gestões anteriores, mas não houve evolução no atual governo. "É de praxe atrasar a execução dos investimentos e jogar para exercícios subsequentes, mas isso só contribui com a sensação de frustração pela falta de regularidade das obras públicas", diz.

O economista Cláudio Considera, da Universidade Federal Fluminense (UFF), afirma que Dilma tem feito valer a fama de gestora mais pelo viés autoritário do que pela eficiência. Ele opina que as decisões da presidente têm sido prejudicadas por uma visão "excessivamente estatizante" e pela herança deixada por Lula. "As dificuldades das concessões dos aeroportos, por exemplo, vêm de um processo de destruição das agências reguladoras. Além disso, foi um erro querer que a iniciativa privada se associasse a uma estatal como a Infraero", diz o professor da UFF.

Diretor do Instituto Universitário de Pesquisas do Estado do Rio de Janeiro (Iuperj), o cientista político Geraldo Tadeu Monteiro diz que o governo Dilma tem sido "pouco imaginativo". "Não vimos nenhuma revolução nos métodos gerenciais, nenhum programa novo. O Brasil Sem Miséria, por exemplo, é um prolongamento do que já vinha sendo feito na área social."

Monteiro diz que é preciso levar em consideração os efeitos da crise econômica mundial. Mas ele avalia que Dilma se preocupa mais em resolver as questões correntes da administração do que em inovar. "Inclusive ela usou muitos dos mesmos recursos do ex-presidente Lula para enfrentar a crise, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados."

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