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Judiciário

Indicado ao STF deixa aberta a possibilidade de julgar o mensalão

Na sabatina do Senado, Teori Zavascki não afirmou que irá nem que não irá participar do julgamento. Sessão foi interrompida e, em princípio, ele não assumirá vaga no Supremo antes do dia 17

Monteiro Lobato: polêmica sobre termos supostamente racistas | Reprodução
Monteiro Lobato: polêmica sobre termos supostamente racistas (Foto: Reprodução)

Indicado para a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki deixou aberta ontem a possibilidade de participar do julgamento do mensalão. Mas deu sinais de que, se fizer isso, não irá pedir vista do processo.

Zavascki começou ontem a ser sabatinado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. A sessão foi interrompida e, em princípio, só deve ser retomada após o primeiro turno das eleições municipais, possivelmente no dia 17 de outubro.

A aprovação pelos senadores na CCJ e em plenário é a última etapa antes da efetivação de Zavascki no cargo. Desde agosto, com a aposentadoria de Cezar Peluso, o STF tem dado sequência no processo do mensalão com dez ministros, um a menos que o quadro normal. Candidato à cadeira deixada por Peluso, Zavascki tem direito a votar em seis dos sete capítulos que não foram julgados pelo ex-ministro. Mas só poderia fazer isso se tomar posse antes do fim do julgamento.

A pressa na convocação da sabatina de ontem gerou protestos da oposição, que teme que a indicação feita pela presidente Dilma Rousseff possa alterar os rumos do julgamento. Se Zavascki tivesse sido aprovado pelo Senado ontem, como era esperado, o tempo entre a vacância e o preenchimento da vaga no tribunal seria de 25 dias. No caso de Luiz Fux, primeiro ministro do STF escolhido por Dilma, em 2011, a demora foi de sete meses.

O primeiro senador a fazer perguntas para Zavascki na sabatina foi o líder do PSDB, Alvaro Dias. Logo no início, o paranaense perguntou sobre a possível participação no julgamento.

Ministro do Superior Tri­­bunal de Justiça (STJ) desde 2003, Zavascki citou a Lei Orgânica da Magistratura para dizer que não poderia se manifestar sobre processos em curso, como o mensalão, mas que não deixaria o Senado sem respostas sobre as regras existentes para esse tipo de caso.

"Quando se trata de um julgamento colegiado, não é um eventual juiz que chega num tribunal e diz quando ou onde ele vai participar. Existem regras, que são controladas pelo colegiado", afirmou, deixando a decisão a respeito de sua participação no caso do mensalão por conta do plenário do Supremo. Esse entendimento, entretanto, não é unânime entre todos os atuais ministros do STF – o revisor do mensalão, Ricardo Lewandowski, já disse que a decisão cabe exclusivamente ao futuro colega.

Na sequência, Zavascki começou a descrever disposições do regimento interno do STF. "A regra diz que, em princípio, o juiz que não ouviu o relatório e que não participou dos debates não participa do julgamento. Essa é a regra. E parece que essa é correta."

Quando dava a entender que estava de acordo com o dispositivo, ele levantou outra hipótese. "Tem uma ressalva: salvo se o juiz se der por habilitado. Dar-se por habilitado significa estar em condições de votar imediatamente. Significa que é uma contradição dar-se por habilitado e pedir vista."

Por último, Zavascki tentou minimizar o impacto de sua possível entrada no processo no resultado final do julgamento. "Em um colegiado com dez membros aptos a votar, a maioria é de seis votos. O que eu quero dizer com isso é que a redação de um voto a mais no julgamento de um processo criminal com dez membros é absolutamente irrelevante. Porque, ou vai produzir o resultado de sete a quatro, ou seis a cinco."

O candidato também fez a conta no caso de empates em cinco a cinco, que se repetiram em decisões recentes do STF relacionadas à Lei da Ficha Limpa. "Se houver empate, tendo o presidente votado, o 11.º voto jamais pode beneficiar o acusado. O acusado está beneficiado pelo empate. O 11.º voto só pode prejudicar o acusado."

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