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Especial

Industrialização exige plano de crescimento para Ponta Grossa

Depois de uma década sem receber grandes empresas, a cidade atrai novos empreendimentos. Planejar o crescimento será o desafio para o próximo prefeito

PIB de Ponta Grossa deve dobrar em quatro anos. Desafio agora é promover o crescimento de forma planejada | Josué Teixeira/Gazeta do Povo
PIB de Ponta Grossa deve dobrar em quatro anos. Desafio agora é promover o crescimento de forma planejada (Foto: Josué Teixeira/Gazeta do Povo)

Segundo maior polo industrial do Paraná, a cidade de Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais, vive um novo momento de industrialização. Depois de uma década sem receber grandes empresas, a cidade agora atrai novos empreendimentos. Além de aumentar a arrecadação do município, o novo boom industrial também promove o desenvolvimento de outras áreas. A cidade cresce em número de habitantes, com a criação de novos conjuntos habitacionais e novos estabelecimentos comerciais.

Veja as propostas dos candidatos para planejar o crescimento de Ponta Grossa

O desafio agora é promover todo esse crescimento de forma planejada. Na busca por um desenvolvimento mais ordenado, a Secretaria Municipal de Indústria, Comércio e Qualificação Profissional fez um estudo em seis cidades do estado que tiveram a atração de montadoras. A pesquisa mostrou que um emprego em uma montadora gear seis postos indiretos.

Segundo o secretário João Luiz Kova­leski, no estudo também foi possível perceber que o Produto Interno Bruto (PIB) da cidade deve dobrar em quatro anos e quadriplicar em uma década. Isso gera uma arrecadação maior e abre a possibilidade para que problemas hoje existentes em Ponta Grossa sejam solucionados. A estimativa é que a indústria seja responsável por 70% da economia da cidade. Hoje, cerca de 34% da arrecadação é oriunda do setor industrial.

Empresas como a Tetrapak e a Makita do Brasil devem investir R$ 290 milhões na ampliação de suas estruturas e gerar 320 novos empregos diretos. Os grandes investimentos que já estão implantados ou em fase de implantação ultrapassam a casa de R$ 1 bilhão. Empresas como Daff/Paccar, Crown, Braslar, Contitech, Batavo (Frizzia), Batavo (Moinho de Trigo), Oleoplan e Planair devem abrir novas 1.628 vagas de empregos.

A cidade também recebeu novos investimentos de médio porte. São 17 novas empresas que estão se instalando e vão ofertar mais de 700 empregos diretos. Os investimentos giram em torno R$ 160 milhões.

O Parque Tecnológico nos fundos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTPFR), que ainda será criado, deverá abrigar 150 empresas. O local, além das indústrias vai contar com uma incubadora e uma unidade do Sebrae. Oito empresas já estão em processo de instalação no local.

Instituto de Planejamento

A cidade conta com o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Ponta Grossa (Iplan), criado em 1999. Entre as competências do Iplan estão a realização de estudos visando estratégias de desenvolvimento e acompanhamento e revisão do Plano Diretor, criado na década de 60.

O arquiteto Roque Sponholz, que já foi presidente do Iplan, avalia que o Plano Diretor da cidade é bem estruturado e vem sendo revisado conforme as necessidades. Na avaliação dele, o grande problema é que a cidade encheu e está crescendo horizontalmente, deixando os vazios urbanos sem utilidade.

Sponholz considera um erro criar conjuntos habitacionais muito distantes do centro, pois acabaria marginalizando os moradores. "Quando o crescimento é organizado, as distâncias são reduzidas. A pessoa mora perto do trabalho tem acesso a serviços próximos", afirma.

Outro problema destacado por Sponholz é a falta de ligações entre os bairros. Ponta Grossa é cortada por diversos arroios e, segundo o arquiteto, para fazer a ligação é preciso construir pontes e viadutos. "Hoje, de norte a sul ou de leste a oeste, para se deslocar é preciso passar pelo centro da cidade, e isso gera congestionamento".Propostas

Organizar e planejar o desenvolvimento da cidade é um desafio para ambos os candidatos a prefeito de Ponta Grossa. Tanto Péricles de Mello (PT) quanto Marcelo Rangel (PPS) admitem que há falhas nessa área. Entre as principais propostas dos dois candidatos que disputam o segundo turno esstá mudar o atual formato do Iplan.

O candidato Marcelo Rangel (PPS) promete investir em estudos técnicos para reavaliar os espaços urbanos e garantir qualidade de vida. Segundo ele, o primeiro passo é organizar o desenvolvimento econômico, criar diretrizes para a garantir a sustentabilidade e promover uma descentralização. "Infelizmente, Ponta Grossa acumulou várias gestões que ignoraram a necessidade de se planejar o futuro da cidade. Hoje, muitos problemas têm soluções difíceis e caras em função disso".

Rangel diz que quer aproveitar o crescimento industrial para projetar a cidade para o futuro. Para isso, ele pretende transformar o Iplan em um "centro de genialidades", com profissionais qualificados para pensar a cidade. "Ponta Grossa precisa de uma gestão pública moderna, democrática e firme. Não se alcançam objetivos complexos como estes sem empenho e trabalho duro".

Para Péricles de Mello, o desafio será reformatar o Iplan, construir mais parques industriais, melhorar a mobilidade e preencher os vazios urbanos. "Se quisermos uma gestão urbana eficiente, com clara compreensão dos caminhos que a cidade irá percorrer, é imprescindível resgatar o Iplan e torná-lo um instrumento do planejamento urbano participativo", afirma.

O candidato do PT avalia que a cidade é um centro regional com vocação metropolitana. "No setor terciário há possibilidade para abertura de 2,5 mil empresas. Vamos auxiliar os empreendedores, incentivá-los e promover a qualificação profissional para o preenchimento dos empregos que surgirão".

Primeiro turno

No primeiro turno das eleições, Marcelo Rangel obteve 59.633 votos, 33,44% dos válidos. Pericles de Mello teve 57.811 votos, 32,42% dos válidos.

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