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O ex-presidente da Copel, Ingo Hübert, disse ontem que não era necessário o rompimento contrato entre a estatal e a termelétrica UEG Araucária para que a saúde financeira da companhia paranaense fosse preservada. Em depoimento à Comissão de Fiscalização da Assembléia Legislativa, Hübert destacou que a usina estava apta a operar no fim de 2002, quando foi entregue pelas empresas responsáveis por sua construção.

De acordo com Hübert, que dirigiu a Copel na época em que foi acertada a construção da UEG, a estatal iniciou um processo de negociação com seus dois sócios no empreendimento, a Petrobrás e a multinacional norte-americana El Paso, para alterar as cláusulas com a termelétrica que ameaçavam seu equilíbrio financeiro. O acordo entre as companhias previa que a Copel teria de pagar pela disponibilidade da energia elétrica, mesmo que ela não fosse usada. Enquanto a estrutura não entrasse em funcionamento, a companhia paranaense teria de pagar R$ 25 milhões por mês sem poder vender a energia.

"Havia um histórico de boas relações entre os sócios e acho que seria possível mudar algumas cláusulas sem a quebra dos contratos", afirmou Hübner. A negociação com os sócios na UEG foi aberta porque o cenário do mercado de energia mudou muito entre 1997, quando o projeto começou a ser elaborado, e 2002, quando foi entregue. Segundo o ex-presidente da Copel, havia uma projeção de crescimento de 5% ao ano no consumo do insumo no Brasil, o que tornaria viável colocar à venda a energia termelétrica. Com o racionamento de 2001, houve uma queda de 12% na demanda, que só voltou a crescer de forma consistente em 2004.

Nesse cenário, ao invés de acionar a UEG para atender à demanda crescente, a Copel teria de deixá-la parada porque o custo alto da energia termelétrica não compensaria sua inserção no sistema em 2002. Hübert contestou a informação passada pelo governo do estado de que havia impedimentos técnicos, inclusive com risco de explosão, para que a usina funcionasse quando foi entregue. Representantes da El Paso que se apresentaram ontem à comissão também negaram que havia problemas na operação da termelétrica, contrariando um dos argumentos usados para o rompimento do contrato.

"A usina foi entregue em perfeito estado de funcionamento. Ela foi aprovada em um teste de cem horas e certificada pela Agência Nacional de Energia Elétrica e pelo Operador Nacional do Sistema", garantiu o engenheiro Celso Pereira da Silva, diretor técnico da El Paso. Segundo ele, a UEG precisa de um investimento de apenas US$ 5 milhões (R$ 11 milhões) em procedimentos de manutenção e licenciamento para entrar em operação.

Ingo Hübert demonstrou ter uma opinião contrária ao plano da Copel de adquirir a participação de 60% que a El Paso tem no empreendimento. Ele lembrou que um dos contratos assinados durante a montagem do projeto previa que as cotas da companhia americana e da Petrobrás seriam incorporadas pela Copel pelo valor simbólico de R$ 1 após 20 anos de operação, ou seja, em 2022. Após o rompimento do acordo inicial, as empresas acertaram que seriam pagos US$ 190 milhões (R$ 200 milhões) pelas ações da El Paso – valor igual ao aplicado pela multinacional. (GO)

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