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Curitiba – Há cinco anos, o governo Fernando Henrique Cardoso impôs ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) o mesmo rigor que o governo Luiz Inácio Lula da Silva aplica à corrupção no serviço público. Em julho de 2000, uma equipe de policiais federais foi enviada ao Sul do Paraná para investigar a cobrança ilegal de pedágio de 3% sobre financiamentos da União destinados a agricultores assentados. A medida resultou em pilhas de documentos que ainda tramitam na Justiça.

O inquérito da Polícia Federal se embasou em denúncias que já vinham sendo investigadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Dezenas de agricultores, empresários e integrantes do MST foram ouvidos, mas ninguém acabou preso. As investigações, comandadas pelo delegado Marcos Antônio Lino Ribeiro, foram encaminhadas à Justiça Federal depois de dois meses de apuração. Dos 32 indiciados, 14 ainda figuram como denunciados. O processo já passou por 208 procedimentos, como a anexação de documentos e a emissão de ofícios.

O caso tem a mesma idade da delegacia da Polícia Federal de Guarapuava, que recebeu o inquérito e dividiu as investigações em duas partes. As denúncias relacionadas à Cooperativa de Trabalhadores Rurais e Reforma Agrária do Centro-Oeste do Paraná (Coagri), de Laranjeiras do Sul, deram origem a um segundo inquérito. A empresa também é acusada de usar indevidamente recursos da União. Esse inquérito está "em vias de conclusão", afirma o delegado José Alberto Iegas.

Ele explica que a apuração se tornou trabalhosa porque, com o tempo, além do número de servidores da instituição se tornar insuficiente, "muita gente envolvida no caso foi embora". Hoje a delegacia tem mais de 400 inquéritos, conta o delegado. O número de policiais federais não é divulgado.

Para Iegas, esses problemas não anulam o trabalho da Polícia Federal. Ele afirma que a abertura da Delegacia e a presença de policiais federais na região "impõem um certo respeito". Na Procuradoria da República de Guarapuava, onde está o processo sobre desvio de recursos da reforma agrária em assentamentos, ninguém quis avaliar os cinco anos de trabalho no caso. O procurador responsável estaria em férias.

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