Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Crimes na Cantareira

Irmã diz que celular do suspeito tem foto de vítima

Na foto, segundo ela, menino de 13 anos está ao lado de um outro homem adulto. Aparelho gravou vídeo no qual suspeito fala em matar quem o reconheceu

O celular do suspeito das mortes dos irmãos Francisco Oliveira Netode 14 anos, e Josenildo José Oliveira, de 13 anos, no Jardim Paraná, Zona Norte de São Paulo,contém foto de uma das vítimas ainda viva, de acordo com a irmã dele. "É o menino de 13 anos. Não é a foto dele nu, nada. É uma foto de roupa normal", disse a mulher, cuja identidade foi preservada. De acordo com ela, o aparelho foi entregue à polícia.

Ainda de acordo com a irmã, na foto tirada com o celular o adolescente aparece ao lado de uma outra pessoa adulta. O homem, segundo a irmã do suspeito, "é um amigo do indiciado que está preso." E complementa: "Nós vimos a foto dessa outra pessoa na televisão e bateu com a foto do celular. Não tenho certeza, mas eu acho que ele não agiu sozinho", afirmou.

Segundo a irmã do acusado, ele costumava ficar entre 15 e 20 dias na casa da família. "Mas como teve uma discussão aqui e ele ameaçou uma das minhas filhas, aí cortaram a liberação dele. Ele só vinha no fim de semana para cá", afirmou.

A mulher conta que no celular também há um vídeo em que o suspeito conversa com outras pessoas. "São várias pessoas, porque saem muitas vozes. Ele fala que a pessoa viu o rosto dele e agora ele tem de fazer o serviço."

A irmã do suspeito afirma que a casa onde a família dele mora foi apedrejada na noite desta quarta-feira (26). Segundo a mulher, cujo nome foi preservado, o ataque ocorreu após a polícia ter confirmado a identificação do suspeito.

Comover São Paulo

De acordo com essa irmã que falou por telefone, a descoberta do crime e confirmação de que o acusado não poderá mais sair da prisão foi um alívio. O suspeito cumpria pena em regime semi-aberto no Manicômio Judiciário de Franco da Rocha, na Grande São Paulo.

"Ele mudava de repente o comportamento dele. Era do nada. Estava bom e de repente mudava de comportamento. Ele falava para a gente que ia fazer uma chacina que ia comover São Paulo inteira. Isso faz uns três meses. A gente também estava em risco. Colocaram uma pessoa na rua que não estava normal. Inclusive, uma semana antes de ele vir para casa, ele ligou para mim e falou que o alvará de soltura dele já estava pronto. Que ele ia ser solto daqui a dois meses. Foi um erro deles."

A pedido da polícia, a Justiça decretou a prisão temporária do suspeito por 30 dias. Assim, o homem, que tem 36 anos, perdeu o direito de sair da presídio em intervalos determinados. A polícia investiga a hipótese dele ter cometido o crime contra os dois irmãos em uma dessas saídas.

Surpreendido

Na noite desta quarta-feira, três adolescentes que teriam sido vítimas do homem foram ao prédio do DHPP, na Região Central da Capital, para tentar reconhecer o criminoso.

Os irmãos foram encontrados mortos na terça-feira (25) na mata da Serra da Cantareira, na Zona Norte. Segundo a polícia, o homem chegou à prisão por volta das 21h, se apresentou e foi surpreendido pelos policiais. Ele foi levado para o Instituto Médico-Legal (IML) para fazer exame de corpo de delito. O homem seria negro, com a cabeça raspada, teria 1,65 metro e uma cicatriz na face ou sobrancelha.

De acordo com familiares do suspeito, ele é um dos 14 filhos de uma família pobre, moradora em bairro próximo ao local do crime. Solteiro e sem filhos, o homem estava fora da cadeia no último final de semana, quando os meninos foram encontrados mortos. A família afirma que ele cumpre pena por homicídio. No site do Tribunal de Justiça há dois processos de revisão criminal em que o acusado do novo crime tenta atenuar as condenações de homicídio e atentado violento ao pudor que pesam contra ele desde 1990.

Em uma foto que ele enviou da cadeia para a mãe, hoje morta, ele deixa uma dedicatória, em letra firme e clara: "Essa foto é uma pequena lembrança do meu amor. Seu filho que lhe ama."

Maníaco ou serial killer

A polícia está reticente em chamar o assassino dos dois irmãos de maníaco. "Para definir se a pessoa é um maníaco ou um serial killer, nós dependemos de uma avaliação psiquiátrica", afirmou a delegada Cíntia Tucunduva, da Equipe Especial de Investigação de Crimes contra Criança e Adolescente. Mas ela disse que a pessoa deve ter algum transtorno. "Uma pessoa que comete o ato que pudemos presenciar possui algum tipo de transtorno e é uma pessoa de certa periculosidade", disse.

Os policiais consultaram os registros de morte sem autoria definida ocorridas este ano na região da Serra da Cantareira, e nenhum deles, em um primeiro momento, tem características parecidas com a morte de Francisco e Josenildo. Apesar disso, a delegada disse que, após a prisão do assassino, poderá investigar se ele também tem ligação com outras quatro mortes ocorridas desde fevereiro na região.

Uma das mortes teria ocorrido há dois meses perto da mata. A vítima foi um jovem de 15 anos. A delegada diz que há uma denúncia anônima que pode levar ao autor deste crime. De acordo com ela, aparentemente os casos não estão ligados. Em relação à arcada dentária encontrada próxima ao corpo dos irmãos, Cíntia disse que irá esperar a análise da perícia.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.