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Imbróglio eleitoral

Irmãos Dias dizem abrir mão da disputa em favor um do outro

Tanto Alvaro quanto Osmar admitem ceder candidatura se o outro a mantiver, o que pode levar o impasse na montagem das chapas na eleição estadual ao cenário nacional

Osmar Dias e Dilma Rousseff: senador pedetista afirma que ficaria em situação desconfortável caso se lance ao governo e dê palanque à petista, o que o colocaria contra seu próprio irmão, caso Alvaro concorra na chapa de Serra | Pedro Serápio/ Gazeta do Povo
Osmar Dias e Dilma Rousseff: senador pedetista afirma que ficaria em situação desconfortável caso se lance ao governo e dê palanque à petista, o que o colocaria contra seu próprio irmão, caso Alvaro concorra na chapa de Serra (Foto: Pedro Serápio/ Gazeta do Povo)

Curitiba e Brasília - Um dilema entre irmãos paralisou as alianças eleitorais no Paraná e ameaça fazer o mesmo no cenário nacional. Tanto o senador Alvaro Dias (PSDB) como o senador Osmar Dias (PDT) dão sinais de que retirararão a candidatura caso o outro irmão insista em manter a sua – o primeiro para ser vice de José Serra à Presidência e o segundo para tentar a eleição ao governo do Paraná.

Alvaro Dias, que ontem foi ao Mato Grosso para participar da convenção estadual do PSDB, afirmou que está esperando por um pronunciamento oficial do irmão. "Não sei qual será a decisão do Osmar, mas ele me estimulou a aceitar [a indicação a vice de Serra]."

Por outro lado, Alvaro anunciou que pode desistir de ser vice de Serra caso o irmão mantenha a candidatura ao governo em uma chapa com o PT e PMDB. "Se ele lançar a candidatura, eu devo rever a minha. Nós temos de estar juntos em qualquer situação."

No Paraná

A oficialização de Alvaro como vice de Serra impediu, mais uma vez, a confirmação de uma coligação de Osmar com PMDB, PT e pelo menos quatro outros partidos no Paraná. Fontes que participaram das negociações de ontem garantiram que Osmar não desistiria da candidatura, apesar de ele mesmo ter dado sinais ao contrário, devido ao lançamento de Alvaro como vice de Serra.

Pela manhã, Osmar conversou por telefone com Alvaro. "Ele me confirmou que o PSDB discutiu a questão do vice, que ele estava cotado e que, depois, isso seria levado aos outros partidos [aliados dos tucanos]. Eu mesmo não recebi nada de oficial do Serra e do Sérgio Guerra [presidente nacional do PSDB]. Por isso sigo tocando meus assuntos", disse Osmar, em entrevista à reportagem.

Osmar preferiu não dizer o que faria caso Alvaro fosse confirmado como vice dos tucanos. À noite, a reportagem não conseguiu mais contato com Osmar. Na quarta-feira, porém, ele havia dito que "a família vem em primeiro lugar".

Mas o senador pedetista teria dito ontem em várias reuniões de que participou que seria antiético compor um palanque que fizesse oposição ao irmão – já que ele apoiaria a petista Dilma Rousseff à Pre­­­sidência se estiver coligado ao PT e PMDB.

Um telefonema hoje de manhã deve definir a situação de Osmar. Ele e o governador Orlando Pessuti (PMDB) vão se falar. Se houver um sinal positivo para a coligação, irão se reunir ainda de manhã para bater o martelo sobre os nomes que vão compor a chapa.

O anúncio da aliança entre Osmar, o PT e o PMDB só não havia sido oficializada na quinta-feira porque Pessuti pediu mais tempo para definir questões internas do partido. "Eu sei que há um debate público entre o atual governador e o antigo [Roberto Requião para indicar o voce na coligação], mas eu estou negociando com o Pessuti porque foi ele quem abriu mão [da candidatura] para eu poder me candidatar."

Reuniões

Apesar da indefinição, Osmar, Pessuti e líderes do PMDB, PDT, PT avançaram nas conversas ontem. "Tivemos uma conversa de uma hora e meia e discutimos uma série de questões, como o programa de governo e a equipe com que trabalharíamos", disse Pessuti. "Mas como o Osmar se disse desconfortável com a possibilidade de Alvaro ser candidato, transferimos a conversa para amanhã [hoje] de manhã."

Pessuti não quis detalhar os nomes debatidos para compor a chapa. "Como não há definição, não queremos criar falsas expectativas. Mas apresentamos uns 10, 12 nomes que poderiam estar na vice de Osmar, e todos tiveram boa aceitação." Segundo ele, também não há definição sobre os suplentes dos pré-candidatos ao Senado – Requião e Gleisi Hoffmann (PT).

Requião reclamou ontem das reuniões, por meio do blog de micromensagens Twitter. "Ar­­­ticulação só com as grandes lideranças. Estou fora de articulações, sequer fui consultado", escreveu o ex-governador. Nos bastidores comentava-se que a indicação de nomes para a suplência abriu uma frente de batalha entre o ex-governador e o atual.

Outro obstáculo para a consolidação da aliança, a coligação para a disputa para deputado estadual e federal, avançou um pouco ontem. Petistas e peemedebistas tentavam encontrar uma fórmula para garantir a eleição do maior número possível de deputados.

A aliança com o PMDB, que historicamente conseguem a maioria dos votos, elevaria o quociente eleitoral, e os candidatos do PT teriam dificuldades para conseguir atingir o número mínimo de votos. "Mas a ampliação da chapa é um bom negócio para o PT, e estamos mostrando isso a eles. É um chapão que, além do PMDB, PT e PDT, vai unir o PR, PRB, PRTB e PCdoB, pelo menos", afirmou o presidente estadual do PMDB, Waldyr Pugliesi.

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