
Brasília - Corria o segundo tempo do empate entre Brasil e Portugal na Copa do Mundo quando surgiu uma das notícias mais aguardadas dos últimos meses na eleição presidencial. Com o objetivo de tornar o Sul do país um enclave tucano contra a candidata petista Dilma Rousseff, o PSDB escolheu o senador paranaense Alvaro Dias como candidato a vice-presidente de José Serra.
Uma das motivações da escolha de Alvaro seria impedir que seu irmão, o senador Osmar Dias (PDT), concorra ao governo do Paraná em uma aliança com PMDB e PT, dando um palanque forte para Dilma no estado.
Apesar de a estratégia já estar traçada, a formação da chapa puro-sangue com Alvaro de vice ainda depende do aval do DEM, que reluta em aceitar a indicação (veja reportagem nesta página).
Em Cuiabá (MT), onde está para a convenção estadual do PSDB, Alvaro confirmou toda a negociação, mas falou pouco à imprensa. Disse que, "mais do que um convite, foi uma convocação".
Posteriormente, em entrevista à Gazeta do Povo, por telefone, Alvaro disse acreditar que não terá problemas com o aval do DEM. "Acho que logo tem solução, afinal a convenção deles é no dia 30. Tem gente que tem reclamado, mas eu também tenho recebido muito apoio de lideranças do partido."
O senador paranaense, porém, deixou em aberto a possibilidade de desistir da candidatura a vice caso Osmar insista em se lançar candidato ao governo em uma aliança com o PT (leia mais sobre isso na página 15).
Notícia vazada
A informação de que Alvaro havia sido escolhido para a vaga de vice de Serra partiu do pivô do escândalo do mensalão, Roberto Jéfferson, o presidente nacional do PTB, partido que se aliou ao PSDB na eleição presidencial. Jéfferson postou uma mensagem no serviço de microblog Twitter, vazando a notícia. O anúncio acabou atrapalhando a estratégia tucana. Também embaralhou a confirmação oficial da decisão, que deveria ser feita neste fim de semana.
Constrangido, o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, só admitiu a escolha no fim da tarde. O próprio Serra preferiu não se manifestar e, em Bragança Paulista (SP), apenas declarou que o paranaense é um "bom nome".
A escolha de Alvaro contrariou os prognósticos do dia anterior feito por lideranças do próprio PSDB, que apostavam que o paranaense estava praticamente descartado, após a divulgação da última pesquisa Ibope. No levantamento, Serra aparece com 35% das intenções de voto contra 40% de Dilma. O tucano só está à frente da petista na Região do Sul (42% a 34%). Isso reforçaria a tese de que Serra precisava de um vice de outra região. Mas, ao apostar em Alvaro, os tucanos estariam tentando tornar Serra imbatível no Sul, onde poderia reverter a vantagem que Dilma conquistou.
Alvaro também apareceu como uma solução caseira após o PSDB ter cogitado uma série de outros nomes, sem sucesso. Preferido entre todos os partidos de oposição, o ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves anunciou que concorreria ao Senado em dezembro de 2009. No mesmo mês, estourou o escândalo do mensalão do DEM, que tirou todas as chances do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, cotado para ser vice de Serra, ganhar a indicação.
Outras possibilidades foram caindo com o tempo. No PSDB, o senador Tasso Jereissati (CE) disse que preferia disputar a reeleição. O presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, perdeu prestígio nesta semana após denúncias de que manteria funcionários fantasmas no Senado. Além disso, os nomes apresentados pelo DEM, tradicional aliado do PSDB, não teriam conquistado a confiança dos tucanos.
Dados da pesquisa
A última pesquisa Ibope, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), foi divulgada na quarta-feira passada. Foram ouvidos 2.002 eleitores em 140 municípios, entre os dias 18 e 19 de junho. A margem de erro é de dois pontos porcentuais para baixo ou para cima e a pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número 16.292/2010.
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